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Crise nuclear da Coreia do Norte: o que quer Kim Jong-un?

Entenda o que há por trás da estratégia do regime norte-coreano e veja os detalhes sobre os testes balísticos e nucleares já conduzidos pelo país

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte: desde que assumiu o regime, Kim conduziu 80 testes de mísseis (KCNA/Reuters)

Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte: desde que assumiu o regime, Kim conduziu 80 testes de mísseis (KCNA/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 11 de agosto de 2017 às 09h42.

São Paulo – O mundo observou a escalada da crise nuclear com a Coreia do Norte. Tudo começou depois que o regime de Kim Jong-un desferiu críticas à comunidade internacional por conta das sanções estabelecidas pelo Conselho de Segurança da ONU e que receberam o apoio de seus aliados históricos China e Rússia. Tais penalidades que vieram em resposta à insistência norte-coreana em seguir com seu programa nuclear.

Os norte-coreanos, no entanto, não pararam aí e a ameaçaram os Estados Unidos (EUA), dessa vez alardeando a possibilidade de um ataque à ilha de Guam, território americano no Pacífico. A provocação foi recebida com fúria pelo presidente americano, Donald Trump, que alertou ao regime sobre as capacidades militares de aliados.

Guerra nuclear?

O cenário se agravou ainda mais após reportagem do jornal The Washington Post em que oficiais de inteligência dos EUA informavam que a Coreia do Norte já teria capacidade de miniaturizar ogivas nucleares e acoplá-las em mísseis. Algo que especialistas em estratégia militar ouvidos por EXAME.com consideram possível.

“A Coreia do Norte nunca testou uma ogiva em um ICBM (míssil balístico intercontinental com alcance mínimo de 3.500 km), apesar de ter conduzido testes nucleares e testes desses mísseis”, nota Catherine Dill, pesquisadora do Centro James Martin de Estudos sobre Não-Proliferação. “Ainda assim, a questão é se os mísseis balísticos serão capazes de segurar a ogiva depois do lançamento, quando retornarem à atmosfera”, nota.

A situação, agora, é delicada, com líderes globais e especialistas alertando para que os atores dessa crise mantenham um tom conciliador e diplomático. As perguntas que permanecem é saber quão poderoso o regime de fato é e quais as consequências que o agravamento dessa crise podem trazer.

“A escalada da tensão entre Coreia do Norte e EUA é a maior preocupação em segurança no mundo nesse momento”, pontuou JD Williams, especialista em estratégia militar e defesa da RAND Corporation. “O poderio militar do Norte é limitado e certamente perderia uma guerra”, continuou, “ainda assim, sua artilharia poderia matar milhares de pessoas na Coreia do Sul antes que um conflito pudesse ser resolvido”, alerta Williams.

Um sonho? Ser uma potência 

Os planos da família Kim de transformar o pequeno país asiático em uma potência nuclear não são recentes, muito pelo contrário, datam a década de 80, quando Kim Il-Sung, fundador do regime, conduziu o primeiro teste balístico: um míssil com alcance de 300 km. Desde então, 111 lançamentos foram realizados.

Nos últimos anos, no entanto, Kim Jong-un acelerou o programa de desenvolvimento desses armamentos e conduziu ainda mais experimentos que seus sucessores. Desde que assumiu o regime, 80 testes balísticos foram realizados. Essa estratégia tem como objetivo assegurar sua permanência no poder e impedir que EUA e Coreia do Sul atuem pela reunificação das Coreias.

“Kim viu os conflitos que resultaram na troca de poder no Iraque e na Líbia como exemplo do que poderia acontecer com ele ”, explica Williams, “por isso, vê nessas armas uma vantagem”. Ainda segundo ele, as armas nucleares servem, também, para garantir algum prestígio ante a comunidade internacional e um às na manga nas negociações.

A crise nuclear da Coreia do Norte está se consolidando como um dos maiores desafios militares e diplomáticos dos últimos anos. Para entender a complexidade desse problema, EXAME.com investigou os testes balísticos e nucleares já realizados pelo regime e produziu o infográfico abaixo.

- (Rodrigo Sanches/Site Exame)

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