Reino Unido precisa de 15 mil açougueiros (Olivia Harris/Bloomberg/Getty Images)
AFP
Publicado em 1 de outubro de 2021 às 07h53.
Em um contexto de escassez generalizada de mão de obra devido à pandemia e ao Brexit, o Reino Unido precisa de 15 mil açougueiros, informou uma federação setorial nesta sexta-feira (1), alertando para o risco de escassez de alguns produtos tradicionais neste Natal.
Um porta-voz da associação britânica de processadores de carne disse ao jornal The Times que a escassez de mão de obra forçou o setor a se concentrar em abastecer os supermercados com cortes básicos.
"Deveríamos ter começado a produzir comida de Natal em junho, ou julho, mas até agora não fizemos isso", disse ele, alertando que "haverá escassez de produtos festivos, como linguiça enrolada em bacon", uma refeição de Natal muito popular entre os britânicos.
A falta de caminhoneiros vem provocando problemas no abastecimento de combustível há algumas semanas, causando desabastecimento e longas filas nos postos de gasolina nos últimos dias.
Supermercados, redes de fast-food e bares também se veem afetados por problemas de abastecimento, que podem ser agravados pela escassez de mão de obra na produção.
De acordo com o The Times, o governo de Boris Johnson está estudando flexibilizar as condições de imigração para conceder vistos de trabalho a até 1.000 açougueiros estrangeiros, na tentativa de evitar a escassez.
O Ministério do Meio Ambiente e da Alimentação garantiu à agência de notícias britânica AP que o Executivo "continua trabalhando estreitamente" com o setor de suínos "para explorar opções que permitam enfrentar as pressões atuais".
Diante do risco de ver lojas vazias no Natal, Johnson já decidiu conceder cerca de 10.000 vistos de trabalho de três meses para caminhoneiros, até o final do ano. A medida incluirá trabalhadores de alguns outros setores importantes, como granjas avícolas.
Questionado pelo The Times sobre vistos para açougueiros, o Ministério do Interior observou que "outros países do mundo enfrentam desafios similares" e disse preferir que "os empregadores invistam na mão de obra nacional britânica no longo prazo em vez de depender da mão de obra estrangeira".
Na quinta-feira, a associação PRA afirmou que os postos de gasolina britânicos continuam sofrendo com a falta de combustível, contradizendo as afirmações do governo. Segundo as autoridades, a crise desencadeada na semana passada por motoristas preocupados por não poderem reabastecer está diminuindo.
Ainda era possível encontrar longas filas nos postos, na quinta-feira, especialmente em Londres e no sul da Inglaterra.
Motoristas do Exército devem ser mobilizados nos próximos dias para ajudar a aliviar a crise. O governo afirma que ela foi provocada por um movimento de pânico da população, depois que alguns fornecedores anunciaram os fechamentos das bombas pela falta de caminhoneiros para levar o combustível a partir dos terminais de armazenamento.