Sabah Al-Ahmad Al-Sabah: a crise explodiu em 5 de junho, quando três países do Golfo e o Egito romperam suas relações diplomáticas com Doha (Oli Scarff/Getty Images)
AFP
Publicado em 8 de setembro de 2017 às 13h29.
Defendendo uma linha dura na crise que abala o Golfo Pérsico, os países árabes hostis ao Catar manifestaram insatisfação com as afirmações do Kuwait, que sugeriu que sua mediação está dando frutos, e acusaram Doha de não querer dialogar.
O Kuwait se apresentou como o mediador natural na crise, apoiando-se em sua longa tradição diplomática e na experiência de seu emir, xeque Sabah Al-Ahmad Al-Sabah. Aos 88 anos e ministro das Relações Exteriores por quatro décadas, ele é o mais velho dos chefes de Estado árabes.
A crise explodiu em 5 de junho, quando três países do Golfo - Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Barein - e o Egito romperam suas relações diplomáticas com Doha.
Esses países acusam o Catar de apoiar os grupos extremistas e de ter-se aproximado do Irã, grande rival regional da Arábia Saudita. Diante disso, impuseram ao rico emirado sanções sem precedentes, com o bloqueio de vias de acesso marítimas, aéreas e terrestres.
Doha rejeitou essas acusações e culpou esses quatro países de ingerência em sua soberania.
Na quinta-feira, o emir do Kuwait, recebido na Casa Branca por Donald Trump, sugeriu que o Catar havia aceitado as 13 demandas feitas por seus vizinhos para restabelecer as relações. Disse ainda que a mediação kuwaitiana poderá terminar bem-sucedida.
Os países envolvidos não demoraram a responder, negando que tenha havido qualquer progresso e "lamentando que o xeque Sabah tenha afirmado que sua mediação impediu uma escalada militar", já que "a opção militar nunca foi colocada".
O quarteto também questionou a afirmação de Sabah sobre a disposição do Catar de aceitar as 13 demandas e repetiu que "a negociação dessas reivindicações não deveria estar precedida de qualquer condição".
Entre as demandas, estão o fechamento da rede de televisão Al-Jazeera, assim como de uma base turca no Catar, além da limitação dos laços com o Irã.
"O Catar voltou a pôr condições para uma negociação da crise, o que confirma que não está interessado no diálogo, na luta contra o financiamento do terrorismo e na não ingerência nos assuntos internos" de outros países, disse o quarteto em um comunicado.
Os quatro países se referiam, assim, às declarações do ministro catariano das Relações Exteriores, xeque Mohamed Ben Abdeerrahaman Al Tani, à rede Al-Jazeera, após a entrevista coletiva de Trump e Sabah em Washington. Na entrevista, o chanceler disse que as 13 condições impostas "atentam contra a soberania" de seu país.
O Kuwait reagiu com uma nota, afirmando que sua prioridade é "a busca da calma em vez da escalada, e de um diálogo construtivo, em vez da ruptura", declarou o porta-voz do Ministério kuwaitiano das Relações Exteriores.
Em contraste com Sabah, o presidente Trump deu a entender que as negociações diplomáticas estão paralisadas e se ofereceu para mediar o imbróglio.
O quarteto não se pronunciou a esse respeito, mas parece preferir uma busca de solução dentro do Conselho de Cooperação do Golfo. Participam do órgão Catar, Kuwait, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Barein e Omã. Este último se manteve neutro até o momento.