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Crise na Ucrânia: Biden faz reunião de emergência com líderes ocidentais

Biden deve discutir o acúmulo de soldados e armamentos da Rússia na fronteira com a Ucrânia

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 18 de fevereiro de 2022 às 10h19.

Última atualização em 18 de fevereiro de 2022 às 12h52.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, vai conversar com outros líderes ocidentais nesta sexta-feira, 18, sobre a crise na Ucrânia, enquanto os esforços diplomáticos das últimas horas se intensificaram para impedir um eventual ataque russo à Ucrânia. O cenário ficou mais tenso desde a quinta-feira 17, com troca de tiros e bombardeios generalizados entre separatistas e as Forças Armadas da Ucrânia no leste do país e o contínuo acúmulo de tropas de Moscou na fronteira.

A Casa Branca vai realizar uma ligação entre Biden e o presidente francês Emmanuel Macron, o chanceler alemão Olaf Scholz e o primeiro-ministro britânico Boris Johnson — durante a qual o acúmulo militar de soldados e armamentos russos na fronteira com a Ucrânia vai ser discutido. Biden disse a repórteres que a ameaça de uma nova invasão permanece "muito alta" e um ataque russo pode acontecer nos "próximos dias".

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O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin III, repetiu nesta sexta-feira os alertas dos EUA de que mais de 150 mil soldados russos reunidos perto das fronteiras da Ucrânia estavam se preparando para lançar um grande ataque. "Embora a Rússia tenha anunciado que está transferindo suas forças de volta às guarnições, ainda temos de ver isso", disse ele em entrevista coletiva ao lado de seu colega polonês em Varsóvia. "Na verdade, vemos mais forças se movendo para essa região de fronteira."

A vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, viajou a Munique para uma conferência de segurança e deve se reunir com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, representantes dos três Estados bálticos e o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski.

O secretário de Estado, Antony Blinken, concordou em se encontrar com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, na próxima semana, sob a condição de que Moscou se abstenha de atacar a Ucrânia.

Pretexto para invasão

A Otan e Biden disseram acreditar que os russos estão armando pretextos para invadir a Ucrânia por meio de ataques de separatistas em pontos da fronteira leste do país. Em meio ao agravamento das tensões na fronteira, a Rússia expulsou o vice-embaixador dos Estados Unidos em Moscou.

O número 2 da diplomacia americana, Bart Gorman, estava na Rússia há cerca de três anos em uma viagem diplomática, disse um funcionário do Departamento de Estado que falou ao jornal The New York Times sob condição de anonimato.

O fechamento deste canal diplomático ocorreu um dia após militares ucranianos e separatistas pró-Rússia trocarem acusações de ataques — e Rússia e Otan discordarem sobre a veracidade de denúncias sobre atrocidades que teriam ocorrido.

Na Casa Branca, Biden falou a repórteres que "uma operação de bandeira falsa" estava em andamento e Moscou a usaria para justificar uma invasão. Ele disse que há todas as indicações de que eles estão preparados para entrar na Ucrânia e não havia planos para ele fazer uma ligação com o presidente russo, Vladimir Putin.

Momento perigoso

Em uma reunião cercada de expectativa e tensão, Blinken afirmou a representantes do Conselho de Segurança da ONU na quinta-feira que a Rússia pode utilizar pretextos falsos, incluindo supostos atentados terroristas ou ataques com armas químicas, para justificar uma invasão da Ucrânia.

Blinken afirmou que compartilharia informações detalhadas com o mundo, na tentativa de influenciar a Rússia a abandonar a ideia de uma escalada militar, e descreveu possíveis cenários do que autoridades americanas têm chamado de "iminente" invasão. "Primeiro, a Rússia planeja fabricar um pretexto para o ataque. Esse poderia ser um evento violento, pelo qual a Rússia culpará a Ucrânia ou uma acusação ultrajante que a Rússia vai levantar contra o governo ucraniano", disse Blinken, acrescentando que os EUA não possuem informação exata sobre qual acusação exatamente seria utilizada por Moscou.

A subida de tom do principal diplomata americano ocorre em um momento de acirramento entre Washington e Moscou. No Conselho de Segurança, Bliken afirmou que informações americanas indicam "claramente" que tropas de solo, aviões e navios de guerra russo devem iniciar um ataque nos próximos dias, sempre sobre a justificativa de defender etnias de origem russa no território da Ucrânia.

"A Rússia pode descrever este evento [o pretexto fabricado] como uma limpeza étnica, ou um genocídio, zombando de um conceito que nós nesta Câmara tratamos com seriedade", disse Blinken, que ainda descreveu qual poderia ser a dinâmica russa.

"O governo [russo] fará proclamações declarando que a Rússia deve responder para defender os cidadãos russos ou russos étnicos na Ucrânia. Em seguida, o ataque está planejado para começar. Mísseis e bombas russos serão lançados sobre a Ucrânia. As comunicações serão bloqueadas. Ataques cibernéticos fecharão as principais instituições ucranianas. Depois disso, tanques e soldados russos avançarão em alvos-chave que já foram identificados e mapeados em planos detalhados. Acreditamos que esses alvos incluem a capital da Ucrânia, Kiev, uma cidade de 2,8 milhões de pessoas."

A declaração repercutiu mal na delegação russa no Conselho da ONU, que prontamente respondeu ao secretário americano. O vice-chanceler russo, Serguei Vershinin afirmou que os cenários militares criados pelos EUA são "lamentáveis" e "perigosos", e reiterou a narrativa apresentada pelo Kremlin de que as tropas russas que cercavam a Ucrânia estão voltando para suas bases após a conclusão de exercícios militares.

Apesar da escalada de tensões, Blinken propôs mais uma tentativa de resolução pela via diplomática, convidando o chanceler russo, Serguei Lavrov, para mais uma rodada de negociações na próxima semana, em solo europeu. Os EUA também propuseram novas reuniões do Conselho Otan-Rússia e do conselho permanente da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE). 

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