A venezuela enfrenta cinco anos de uma contração econômica causada por políticas econômicas e uma queda brusca nos preços globais do petróleo (Marco Bello/Reuters)
Reuters
Publicado em 18 de julho de 2018 às 14h33.
Caracas - Dois jovens engenheiros descobriram uma oportunidade em meio ao colapso econômico da Venezuela - e dentro de um depósito de lixo repleto de equipamentos eletrônicos quebrados.
Eles estão derretendo o lixo plástico e colocando-o em impressoras 3D para fabricar itens sofisticados como peças automotivas, que estão se tornando cada vez mais difíceis de obter no país porque os controles cambiais restringem a importação de materiais básicos.
Albermar Dominguez e John Naizzir só produzem 1 quilo de filamento plástico por dia, mas pretendem transformar o decadente setor manufatureiro Venezuela tornando-o mais barato para as empresas que dependem de importações caras.
É um sinal de como uma crise nunca vista incentivou alguns jovens a inovar depois de cinco anos de uma contração econômica causada por políticas econômicas fracassadas e uma queda brusca nos preços globais do petróleo.
"As pessoas não acreditam que uma tecnologia esteja sendo desenvolvido no país", disse Dominguez, de 26 anos.
Muitos de seus ex-colegas da Universidade Simón Bolívar, em Caracas, já deixaram a Venezuela, juntando-se a um êxodo de mais de 1 milhão de pessoas em fuga da escassez generalizada de alimentos e remédios. A inflação anual chegou perto dos 50 mil por cento, e Caracas é uma das cidades mais perigosas do mundo.
Dominguez disse que visitou os Estados Unidos para aprender com pessoas da indústria de impressão 3D depois de se interessar pela reciclagem de lixo.
Depois ele voltou para a Venezuela, e juntamente com Naizzir, de 27 anos, começou a revirar o depósito de lixo da universidade, recolhendo carcaças de computadores e impressoras velhas. Mais tarde, sua empresa, a Nedraki, fechou um acordo com uma usina de reciclagem na cidade de Valência para ter acesso a mais material.
Enquanto a nação era abalada por protestos de rua contra o presidente Nicolás Maduro no início de 2017, os dois produziram seu primeiro metro de filamento plástico.
Hoje a Nedraki fornece o filamento a mais de 13 empresas venezuelanas e produz peças de plástico, como rodas dentadas de transmissão de câmbio, para outras companhias.
Dominguez disse que seu filamento ajuda a abaixar os custos de uma empresa em até 40 por cento eliminando os gastos com a importação e o transporte das peças. A Nedraki vende 1 quilo de filamento por cerca de 17 dólares.