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Crise global pressiona Bélgica a resolver dívida de US$ 1,2 bilhão

O país também enfrenta uma crise política e está há um ano e nove meses sem um primeiro-ministro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 25 de novembro de 2011 às 13h48.

Bruxelas - Na medida em que a crise econômica se aprofunda na Europa, crescem as pressões para que a Bélgica supere o impasse político e estabeleça um governo definitivo. Há um ano e nove meses sem um primeiro-ministro, o país sente a urgência de tomar as medidas fiscais necessárias para combater os efeitos da crise e resolver a questão da dívida do país, que supera US$ 1,2 bilhão.

Até agora, a União Europeia se absteve de interferir na questão política do país, mas hoje (25), pela primeira vez, o comissário europeu para Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, cobrou do país uma decisão. Rehn disse que a Bélgica precisa resolver seu problema político, o mais rápido possível.

Na segunda-feira (21), Elio di Rupo, que ocupava o cargo interinamente, pediu demissão após ver fracassada a negociação para aprovar o Orçamento do país. Um dos apelos de Olli Rehn é para que haja um acordo a fim de que o Parlamento possa aprovar até o final deste ano o Orçamento de 2012.

Ontem, o rei Alberto II fez um pedido para que Di Rupo continuasse no cargo e a resposta é aguardada até amanhã (26). Hoje, pela manhã, Di Rupo cancelou seu discurso na convenção do Partido Socialista Europeu.

A ideia de que o país caminha até para uma divisão territorial, podendo formar dois países também pode fracassar. Internamente, o conceito separatista é defendido por um único partido conservador de direita que venceu as eleições na região de Flandres, o NRV. Essa região é a parte mais rica da Bélgica e fica ao Norte do país. As pessoas que moram na região de Flandres falam holandês. Já a parte francesa do país se concentra na região da Valônia.


Em Bruxelas, capital que concentra todas as instâncias de poder da União Europeia e onde oficialmente as duas línguas são consideradas idiomas oficiais, há um sentimento de que uma cisão no país, principalmente neste momento conturbado da economia, não seria bem vinda. "A União Europeia não permitiria isso no centro de seu poder", destaca o jornalista Belga Lode Delputto, que escreveu o livro Brasil Que Floresce. Ele fala português fluentemente e foi a várias cidades brasileiras exclusivamente para reunir material.

Segundo Lode Delputto, o impasse para que o país tenha um governo já não é mais um problema de rivalidade entre franceses e holandeses e sim motivado pela disputa entre a direita e a esquerda no país.

"O conflito não é mais entre valões e flamengos. Essa questão já foi ultrapassada na medida em que já existe um consenso de que é preciso se ter governo. O bloqueio agora é entre a esquerda e a direita que têm representações em ambos os lados", destacou.

No lado francês, a esquerda é representada pelo Partido Socialista e, no lado de Flandres, pelo Partido Socialista Flamengo (SPA). Já a direita tem como principais representantes, no lado francês, o Movimento Reformista (MR) e o Partido Liberal Flamengo (VLD). O Partido Liberal Democrata (FDP) é quem lidera a direita em relação aos flamengos.

Há ainda o Partido Cristão Democrata que é o que se pode chamar de centro e que tem sido assediado pelas demais legendas. Entre os cristão também há divisões. Os políticos mais alinhados com a direita detêm base eleitoral no lado holandês e os esquerdistas estão concentrados no Sul, na parte francesa. A repórter viajou a convite do Ministério da Cultura.

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