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Crise econômica será principal tema do G20

Depois da primeira cúpula "anticrise" há cinco anos, a recuperação e o crescimento econômico continuam a ser o principal tema da agenda dos líderes do G20


	Protesto contra desemprego na Espanha: G20 não foi capaz de recuperar os ritmos de crescimento nem as taxas de emprego anteriores à crise de 2008
 (Philippe Desmazes/AFP)

Protesto contra desemprego na Espanha: G20 não foi capaz de recuperar os ritmos de crescimento nem as taxas de emprego anteriores à crise de 2008 (Philippe Desmazes/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2013 às 11h24.

Moscou - Depois da primeira cúpula "anticrise" em Washington, há cinco anos, a recuperação e o crescimento econômico continuam a ser o principal tema da agenda dos líderes do G20, que se reúnem nos dias 5 e 6 de setembro em São Petersburgo, na Rússia.

Em meio à catástrofe econômica de 2008, o encontro estava centrado em não permitir o afundamento dos grandes bancos e em aliviar os mercados financeiros, e até agora ainda não conseguiu solucionar dois graves problemas que atrapalham o bem-estar em boa parte do mundo: falta de emprego e baixo crescimento econômico.

O G20 conseguiu romper o ciclo financeiro que prejudicou grandes bancos, reduziu os lucros das multinacionais e levou alguns Estados à beira da falência, com a dívida e o déficit públicos tão altos que foram obrigados a pedir ajuda financeira para tentar amenizar a crise.

Os países do G20, o grupo das economias mais desenvolvidas e importantes do planeta - que representam cerca de 80% do PIB mundial - não foram capazes de recuperar os ritmos de crescimento nem as taxas de emprego anteriores à crise de 2008.

Para piorar a situação, a chamada disciplina fiscal aplicada por muitos países para tentar equilibrar seus orçamentos criou uma espécie de "abismo" entre ricos e pobres que dividiu como nunca as classes sociais e os países.

Na reunião de julho, da qual participaram os ministros de Finanças e Trabalho dos países-membros, os responsáveis econômicos e financeiros do G20 estabeleceram o crescimento, o emprego e a erradicação dos paraísos fiscais como prioridades para a cúpula em São Petersburgo.

De fato, da cúpula sairá o chamado Plano integral de Ação de São Petersburgo, que incluirá medidas coordenadas para criar novos postos de trabalho e impulsionar o crescimento econômico global.

Outro documento que os líderes deverão ratificar é o plano de ação contra a evasão fiscal das multinacionais elaborado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).


Este ambicioso projeto pretende erradicar as práticas que permitem que empresas, em particular as do setor digital (Apple, Microsoft, Google e Amazon, entre outras), soneguem impostos tanto nos países onde têm suas sedes jurídicas como naqueles onde ficam seus centros de produção.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, qualificou este plano às vésperas da cúpula como "o maior passo em 100 anos para o aperfeiçoamento da coordenação da política fiscal dos países do G20".

Em relação à dívida e ao déficit público, embora o G20 mantenha o compromisso de reduzi-los à metade para até 2016, os líderes pretendem flexibilizar a rigidez aplicada em alguns países, sobretudo na União Europeia, e deixar claro que a disciplina fiscal não deve impedir o crescimento.

A política monetária é outro assunto a ser tratado pelos chefes de Estado e de Governo em São Petersburgo, já que a maioria dos países insistem em uma menor intervenção neste âmbito para que as cotações das divisas possam ser reguladas pelo mercado.

Como país anfitrião, a Rússia cuidou para que sua própria agenda fique entre as prioridades do G20 ao longo de todo o ano de sua presidência, e é de se esperar que as reivindicações de Moscou ocupem um lugar de destaque na declaração final do fórum.

Putin insistirá em obter apoios para obrigar os Estados Unidos a ratificarem a reforma do sistema de cotas do Fundo Monetário Internacional para aumentar as contribuições, e em consequência, a capacidade de decisão das economias mais importantes, entre as quais a Rússia se encontra.

A reforma, que deve dar mais peso aos países que fazem parte do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), foi aprovada em 2010 mas não entrou em vigor. Ela ainda não foi ratificada até agora pelos Parlamentos de vários países-membros do FMI, entre eles os Estados Unidos.

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