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Crise do euro lembra filme “De Volta Para o Futuro”, diz banco

Relatório do Strandard Bank afirma que Merkel e Sarkozy parecem querer (em vão) voltar ao passado para corrigir erros na União Europeia

Nem máquina do tempo como a do filme "De Volta para o Futuro" ajudaria Merkel e Sarkozy a resolver os problemas na zona do euro (Divulgação)

Nem máquina do tempo como a do filme "De Volta para o Futuro" ajudaria Merkel e Sarkozy a resolver os problemas na zona do euro (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2011 às 16h09.

São Paulo – Um relatório do Standard Bank, o maior banco de investimentos da África do Sul, compara a crise na zona do euro ao filme de Steven Spielberg “De Volta Para o Futuro”, no qual, para resolver um problema no presente, o personagem principal tenta alterar o passado.

Na analogia, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da França, Nicolas Sarkozy, correspondem a Marty Mcfly, o personagem que volta ao passado em uma máquina do tempo. Segundo os analistas, os dois líderes europeus parecem querer voltar a 1992 para corrigir alguns erros cometidos na época da criação do bloco econômico que originou a União Europeia.

“Eles parecem querer corrigir o Tratado de Maastricht, que estabeleceu as regras fiscais para a zona do euro; regras que foram desprezadas. Para ambos, se as normas de equilíbrio fiscal forem ressuscitadas e reforçadas, a crise pode chegar ao fim. Mas eles estão errados”, diz o relatório.

De acordo com o estudo, reforçar regras fiscais estabelecidas quando o bloco se originou só vai piorar a situação. Os analistas dizem que a atual crise europeia não está acontecendo porque os países deixaram de lado os modelos de controle de orçamento, e sim, porque estes modelos estão errados.

Opções

Segundo o relatório, ao criar a união monetária, os países europeus tinham duas opções mais adequadas para a estrutura fiscal do bloco. A melhor seria um modelo federalista que permitisse uma transferência real de renda de países ricos para os pobres.


A segunda opção seria dar aos países plena liberdade fiscal, para que eles pudessem adotar medidas anticíclicas caso a economia ficasse muito fraca, ou crescesse demais. “Mas os países não ficaram com nenhuma das opções”, dizem os analistas.

Em vez disso, o Tratado de Maastricht foi projetado para fazer cumprir a disciplina na gestão do orçamento. Ele obrigou os países a apresentarem contas equilibradas e atingirem metas de redução do déficit público, sem garantir a eles nem a estrutura federalista, nem a liberdade fiscal.

E agora, Merkel e Sarkozy querem apresentar à União Europeia um plano para fazer valer os princípios do tratado. “Mas antes mesmo que estas ideias sejam postas em prática, os líderes admitirão que ela não é viável. A União Europeia não pode controlar os orçamentos nacionais”, afirma o relatório.

Para os analistas do Standard Bank, os mercados podem até ficar impressionados com o atual discurso de Merkel e Sarkozy, “mas isso não vai durar muito tempo”.

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