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Crise de saúde na Coreia do Sul: por que os médicos estão protestando?

Cerca de 10% dos médicos de todo o país pediram demissão

Residentes dizem que plano do governo não vai melhorar a saúde do país

Residentes dizem que plano do governo não vai melhorar a saúde do país

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 29 de fevereiro de 2024 às 10h08.

Última atualização em 29 de fevereiro de 2024 às 10h09.

Cirurgias adiadas. Consultas canceladas. Pacientes recusados em salas de emergência. Esse é o retrato atual do sistema de saúde da Coreia do Sul. Por mais de uma semana, procedimentos em alguns dos maiores hospitais do país foram interrompidos porque milhares de médicos estagiários e residentes abandonaram seus empregos.

A crise começou no início do mês, quando o governo propôs a admissão de mais estudantes nas faculdades de medicina para resolver a escassez de médicos na Coreia do Sul. O governo afirma que a necessidade de mais médicos na Coreia do Sul é grave, especialmente devido ao rápido envelhecimento da população. O país tem cerca de 2,6 médicos para cada 1.000 pessoas, em comparação com uma média de 3,7 nos países pertencentes à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

O Ministério da Saúde propôs aumentar as vagas de medicina para 5 mil por ano a partir de 2025. Hoje esse número é de 3 mil. Seria o primeiro aumento desde 2006. Para o governo, iria significar um acréscimo de 10 mil médicos na década. O Executivo também se comprometer a gastar mais de US$ 2,2 bilhões em 10 anos.

Segundo o New York Times, os estagiários e residentes contra-atacaram dizendo que a escassez não era de todo o setor, mas sim de especialidades específicas, como atendimento de emergência. Eles disseram que o plano do governo não resolveria esse problema, acrescentando que eram vítimas de um sistema repleto de condições de trabalho difíceis e salários baixos.

Os médicos saíram às ruas para protestar contra o plano, ameaçando fazer greve ou deixar seus empregos. De modo geral, os médicos mais velhos apoiaram as reivindicações de seus colegas mais jovens.

Os problemas se agravaram quando médicos estagiários começaram a apresentar suas demissões em 19 de fevereiro. Até a quarta-feira, quase 10.000, ou cerca de 10% de todos os médicos do país, haviam feito isso, de acordo com dados do governo. A maioria desses pedidos de demissão não foi aceita pelos hospitais.

O governo afirmou que, se os médicos retornarem aos seus postos de trabalho até quinta-feira, eles não sofrerão nenhuma repercussão legal. Caso contrário, correm o risco de perder suas licenças e enfrentar multas de até 30 milhões de won (US$ 22.000). O Ministério da Saúde apresentou nesta semana queixas policiais contra alguns médicos, acusando-os de violar a legislação médica.

Até a manhã de quinta-feira, cerca de 300 médicos haviam retornado ao trabalho, de acordo com o ministério.

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