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Crise de Fukushima não desanima exportação de tecnologia nuclear no Japão

País conta com gigantes no desenvolvimento de tecnologia atômica, como Hitachi, Mitsubishi Heavy Industries e Toshiba

A explosão de hidrogênio em Fukushima 1 ocorreu em 14 de março de 2011 (Roslan Rahman/AFP)

A explosão de hidrogênio em Fukushima 1 ocorreu em 14 de março de 2011 (Roslan Rahman/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2012 às 09h42.

Tóquio - O acidente que aconteceu há um ano na usina de Fukushima não freou as exportações de tecnologia atômica do Japão, que em pleno debate sobre suas próprias centrais, procura marcar presença nos projetos nucleares de países emergentes.

Antes de o tsunami de 11 de março suscitar o pior desastre nuclear desde Chernobyl, o Governo do Partido Democrático (PD) via a exportação de tecnologia nuclear como um pilar promissor para o crescimento do Japão, terceira potência econômica mundial.

O país conta com gigantes no desenvolvimento de tecnologia atômica, como Hitachi, Mitsubishi Heavy Industries e Toshiba, que no ano fiscal 2010 (que terminou em março de 2011) ganharam cerca de 242 bilhões de ienes, US$ 2,996 bilhões, com suas divisões de energia e infraestruturas.

O acidente e as dúvidas que Fukushima abriu sobre a segurança das usinas nucleares - incluindo as usinas de um dos países mais preparados do mundo - deixaram temporariamente no ar os projetos de cooperação nuclear civil do Japão.

Essa paralisação durou cerca de seis meses, o tempo que demorou para o primeiro-ministro Naoto Kan renunciar e dar passagem a seu sucessor, seu companheiro de partido Yoshihiko Noda, que deixou claro o respaldo de sua administração às ambições internacionais da indústria nuclear japonesa.

Ao mesmo tempo, Noda manteve o compromisso de reduzir a dependência de energia nuclear do Japão, sem que até agora tenha dado sinal verde à reabertura dos reatores parados após o acidente de Fukushima por segurança ou por manutenção, o que deixou o país com apenas duas de suas 54 unidades ativas.

Com esta aparente contradição, o Governo japonês levanta o argumento de que, à margem do debate interno, sua tecnologia nuclear ainda está entre as mais avançadas e seguras do mundo, por isso que a compartilhará com os países que desejarem.

'É responsabilidade deste país compartilhar a experiência e as lições da crise de Fukushima com a comunidade internacional e contribuir para promover os níveis de segurança nuclear', justificou Noda em dezembro.

Nesta linha, o Parlamento japonês aprovou no final do ano passado, em plena luta para levar os reatores de Fukushima a uma 'parada fria', quatro acordos de cooperação nuclear civil com a Jordânia, Rússia, Coreia do Sul e Vietnã, que tinham sido atrasados por causa da crise.

Graças a estes pactos, Hitachi, Mitsubishi Heavy Industries e Toshiba esperam obter contratos de construção de usinas nucleares na Jordânia e no Vietnã, e incentivar a exportação de componentes de reatores na Coreia do Sul.

Com o Vietnã, o Governo japonês retomou a negociação de um projeto no valor de 1 trilhão de ienes (US$ 12,382 bilhões) para construir dois reatores nucleares com a ajuda de um consórcio japonês JINED (International Nuclear Energy Development of Japan) estabelecido em 2010.

Entre os acionistas deste grupo está a Tokyo Electric Power (TEPCO), operadora de Fukushima, além de outras empresas japonesas e de Toshiba, Hitachi e Mitsubishi Heavy, junto com a Rede de Inovação do Japão, uma sociedade de capital misto.

Se o projeto do Vietnã se desenvolver, o que poderia ser financiado com créditos sob juros baixos outorgados pelo próprio Japão, se uniria a outros 12 concursos em países como os Estados Unidos e a China, nos quais a indústria japonesa confia ter presença.

Além dos aprovados em dezembro, Japão mantém atualmente acordos bilaterais nucleares com sete países (Austrália, Reino Unido, Canadá, China, França, EUA e Cazaquistão) e com a Comunidade Europeia da Energia Atômica (Euratom).

Segundo o Ministério de Relações Exteriores japonês, há negociações para estabelecer acordos de cooperação nuclear civil com a Índia, Brasil, México, Turquia, África do Sul e Emirados Árabes Unidos.

Com a Índia, um suculento mercado em expansão, um eventual acordo se apresenta ainda mais polêmico já que este país, com arsenal atômico declarado, não é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear e vários grupos civis do Japão - único país que sofreu com a bomba atômica - se opõem às negociações. EFE

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