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Crise ameaça o modelo social europeu

'Esses Estados de bem-estar, construídos após a guerra vão desaparecer' resume o economista Nicolas Bouzou

Na França por exemplo, o governo anunciou uma revalorização inferior à prevista em 2012 para as prestações familiares (AFP/Aquivo/Philippe Desmazes)

Na França por exemplo, o governo anunciou uma revalorização inferior à prevista em 2012 para as prestações familiares (AFP/Aquivo/Philippe Desmazes)

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Da Redação

Publicado em 28 de dezembro de 2011 às 17h30.

Paris - A crise da Eurozona e as medidas de austeridade anunciadas pela maior parte dos países europeus afetaram os modelos sociais postos em prática no período pós-guerra que, segundo especialistas, deverão ser reformados na atualidade para poder sobreviver.

Questões como as reformas dos sistemas de previdência, a diminuição das ajudas sociais, o congelamento das pensões e a diminuição dos serviços ligados à saúde estão entre os principais pontos que devem alterar os padrões sociais existentes.

"Esses Estados de bem-estar, construídos após a guerra vão desaparecer", diz Nicolas Bouzou, economista do gabinete Asterès. "Estávamos em um contexto de forte crescimento da massa salarial, de pleno emprego, com uma população relativamente jovem. Atualmente há um desemprego massivo, não há crescimento e a população envelhece, o que torna as pressões financeiras absolutamente insustentáveis", completou.

"Está claro que com a crise, a pressão existente sobre o modelo social europeu, pela demografia e pelo débil crescimento, se acentuará", disse o diretor do instituto europeu Bruegel, Jean Pisani-Ferry.

Na França por exemplo, além da reforma do sistema de pensões, o governo anunciou uma revalorização inferior à prevista em 2012 para as prestações familiares.

"Na Irlanda foram reduzidas as prestações de saúde e de moradias. Em Portugal, foram reduzidas em 25% as ajudas às famílias. Na Itália, foram reduzidas as ajudas sociais. Na Espanha foi encerrado o 'cheque bebê' (uma ajuda pelo nascimento de um filho)", explica Henri Sterdyniak, economista do Observatório Francês de Conjunturas Econômicas (OFCE).


O novo presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, deve tomar novas medidas a partir da próxima semana e iniciar a partir de 2012 uma "modernização da legislação do trabalho" para fazer frente a uma cifra recorde de desemprego.

Na Itália, o governo de Mario Monti também prevê reformar o mercado de trabalho para um modelo inspirado no dinamarquês.

Para Michael Burda, economista da Universidade Humboldt de Berlim, vários países europeus deveriam inspirar-se no modelo escandinavo.

"Esse modelo funciona bem porque combina elementos do Estado de bem-estar com o liberalismo", explica.

De acordo com especialistas, na Grécia e em Portugal os sistemas de Estado estão quase em quebra e ou eles se orientam para sistemas mais liberais, sem rede de proteção, ou os mais frágeis podem ficar sem cobertura.

"A proteção social da Europa forma parte de sua identidade, não há motivo nenhum para colocá-la em dúvida e sobram motivos para continuar financiando-a", critica o economista Henri Sterdyniak.

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