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Crianças cristãs são detidas no Egito por rasgarem Corão

O fato, ocorrido na cidade de Azbat Marqos, causou tensão entre muçulmanos e coptas (cristãos egípcios)


	Cristão egípcios diante da catedral copta de São Marcos no Cairo: duas crianças cristãs foram presas por rasgarem um Corão e urinarem sobre o livro sagrado
 (Khaled Desouki/AFP)

Cristão egípcios diante da catedral copta de São Marcos no Cairo: duas crianças cristãs foram presas por rasgarem um Corão e urinarem sobre o livro sagrado (Khaled Desouki/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2012 às 20h52.

Cairo - As autoridades egípcias prenderam nesta quarta-feira duas crianças cristãs, de aproximadamente dez anos de idade, por rasgarem um Corão e urinarem sobre o livro sagrado, na província de Beni Suef, ao sul de Cairo.

De acordo com fontes envolvidas no episódio, as crianças, identificadas como Nabil Najib Rezq e Mina Nadi Farag, permanecerão em um centro de detenção de menores durante uma semana, enquanto a investigação é realizada.

O fato, ocorrido na cidade de Azbat Marqos, causou tensão entre muçulmanos e coptas (cristãos egípcios). As famílias dos menores receberam ameaças de morte.

Entre os incidentes que aconteceram após o episódio, ocorreram choques entre as comunidades, de acordo com as fontes, que não confirmaram a existência de vítimas nos distúrbios.

De acordo com o jornal 'Al-Ahram', Rezq (de dez anos) e Farag (nove), foram detidos após serem denunciados pelo ímã de uma mesquita local, Ibrahim Mohammed Ali.

Ali levou às crianças à igreja do povo para que o padre os castigasse, mas não ficou satisfeito com a atitude do sacerdote e decidiu ir até os tribunais.

O pai de Rezq defendeu a ação dos menores alegando que eles são analfabetos e que não sabiam que os papéis encontrados em uma bolsa na rua eram o Corão.


As detenções lembram o caso da menina cristã paquistanêsa Rimsha Masih, deficiente mental, que foi detida por três semanas, entre agosto e setembro, acusada de queimar textos corânicos.

Tudo isso coincide com outras detenções de coptas no Egito, como o ativista Albert Saber, acusado de insultar o Islã por supostamente colocar em sua página no Facebook o polêmico vídeo 'A inocência dos muçulmanos', considerado ofensivo ao profeta Maomé.

No Alto Egito, que inclui várias províncias situadas ao sul do Cairo, ocorreram nos últimos anos um grande número de incidentes relacionados à religião.

Em janeiro de 2010, oito coptas morreram baleados na saída de uma igreja na cidade de Naya Hamadi, após assistirem a Missa do Galo, que marca o início do Natal.

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