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Crescem teorias da conspiração sobre morte de Bin Laden

Após a negativa americana em publicar as fotos do corpo, paquistaneses discutem como a operação pode ter acontecido sem o país perceber

Multidão próxima a casa de Bin Laden no Paquistão: dúvidas sobre como tudo aconteceu (Aamir Qureshi/AFP)

Multidão próxima a casa de Bin Laden no Paquistão: dúvidas sobre como tudo aconteceu (Aamir Qureshi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2011 às 19h34.

Islamabad - A negativa da Casa Branca em publicar as fotos do corpo do chefe da Al-Qaeda, Osama bin Laden, morto pelas forças americanas no domingo passado no Paquistão, está alimentando uma série de teorias da conspiração entre a população paquistanesa, já contrariada com a violação de sua soberania nacional.

Todo o país se pergunta como 79 membros dos Navy Seals, a unidade de elite das forças especiais americanas, puderam chegar de helicóptero sem ser detectados até a residência ocupada por Bin Laden, matá-lo e ir embora com o cadáver, tudo isso perto de uma academia militar de elite.

O jornal The News estimava inclusive que este ataque levanta questões sobre a segurança do arsenal nuclear paquistanês.

"Paquistão e seu aparato de segurança passaram a ser objeto de piadas, os meios de comunicação do mundo inteiro enfatizam a descoberta do homem mais procurado do mundo a poucos passos de uma academia militar", afirma um editorial do jornal.

"Entre as questões levantadas está a de saber qual é o grau de segurança do Paquistão e de suas armas nucleares, já que helicópteros puderam penetrar no território sem ser detectados", acrescenta.

Embora a imensa maioria dos paquistaneses admita que Bin Laden morreu realmente, em Karachi, a capital econômica, há os que evocam a tese do complô, dada a negativa dos Estados Unidos de publicar as fotos do cadáver.

Os Estados Unidos "sempre mentiram e abandonaram os seus aliados. Como então confiar neles quando afirmam que mataram Osama? Não querem mostrar as fotos porque isto poderia descobrir suas mentiras", declara Mehmud Azim, um médico de 55 anos.

"Não sabemos exatamente o que aconteceu nesta noite. E o que é mais grave é que nossos líderes civis e militares mantêm-se unidos no silêncio", diz Ahmed, que prefere não dar seu primeiro nome.

O principal jornal do país, Jang, titula em seu editorial: "Não mantenham a nação na ignorância: informem sobre os fatos". O jornal considera que é difícil que os paquistaneses aceitem as versões oficiais, embora não ponha em dúvida a morte de Bin Laden.

Por sua vez, o jornal Jabrain levanta dúvidas sobre o momento da morte do líder terrorista.

"Alguns especialistas pensam que o chefe da Al-Qaeda esteve detido por um longo tempo e que os Estados Unidos orquestraram um roteiro de acordo com os seus interesses", escreve.

No entanto, inclusive os grupos religiosos mais radicais admitem a morte de Bin Laden. A fundação de caridade Jamaat ud Dawa, considerada o braço público do grupo islamita proibido Lashkar e Taiba, exortou nesta terça-feira a rezar pelo "mártir".

O principal partido islamita do país, Jamaat e Islami (JI), convocou manifestações nesta sexta-feira, acusando o governo e os serviços secretos de um fracasso "criminoso" por deixar que o ataque ocorresse.

"Está claro que o Paquistão se tornou o lacaio dos Estados Unidos na medida em que o governo não fez nada para impedir a intrusão americana em nosso território", declarou Mohamad Ibrahim, chefe provincial do JI.

Em Peshawar, grande cidade do noroeste do Paquistão, às portas das zonas tribais que são os bastiões dos insurgentes islamitas, o presidente da associação de comerciantes, Halim Said, afirmou que a violação do território paquistanês não é novidade.

Desde 2008, os ataques de aviões não tripulados da CIA dirigidos contra a Al-Qaeda e os talibãs paquistaneses e afegãos nas zonas tribais são muito frequentes, quase diários, e deixaram mais de 1.500 mortos.

"Já não somos uma nação soberana, já que a cada dia os ataques de drones americanos questionam nossa soberania", considera Said.

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