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Crescem dúvidas sobre capacidade da Otan de concluir missão na Líbia

A ofensiva, iniciada em 19 de março com bombardeios dos EUA, França e Grã-Bretanha, não conseguiu até agora tirar Muammar Kadafi do poder

Atiradores operando a partir de helicópero na costa da Líbia, em missão da Otan: custo da missão líbia para a França é de 1,2 milhão de euros por dia, segundo fonte
 (Arnaud Roine/AFP)

Atiradores operando a partir de helicópero na costa da Líbia, em missão da Otan: custo da missão líbia para a França é de 1,2 milhão de euros por dia, segundo fonte (Arnaud Roine/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de junho de 2011 às 15h46.

Bruxelas - A Otan negou nesta terça-feira carecer de meios para prosseguir até o final sua ofensiva na Líbia, como dão a entender um número crescente de dirigentes militares ao constatar que a ofensiva, iniciada há quase três meses, eterniza-se sem que o coronel Muammar Kadafi dê sinais de que vá ceder.

"Continuamos mantendo um ritmo de operações intenso", disse em Bruxelas a porta-voz da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Oana Lungescu.

"É evidente que a Otan dispõe de recursos para manter a pressão sobre o regime de Kadafi. Sabemos que isso leva tempo", completou.

Os 28 países membros da Otan "examinam atualmente como aportar da melhor maneira possível os recursos necessários para cumprir essa missão" e "o secretário-geral (da organização, Anders Fogh Rasmussen) já expressou na semana passada sua confiança de que isso será possível", afirmou Lungescu.

A ofensiva, sob o mandato da ONU, foi iniciada em 19 de março, com bombardeios dos Estados Unidos, França e Grã-Bretanha contra as tropas do regime, sem ter conseguido até agora dobrar Kadafi, no poder desde 1969.

O secretário americano da Defesa, Robert Gates, advertiu na semana passada que a redução dos orçamentos da defesa dos aliados comprometiam o futuro da missão militar na Líbia.

"Sobre a operação da Otan na Líbia, é um fato dolorosamente evidente que há lacunas - de capacidade e de vontade - suscetíveis de comprometer a capacidade da aliança para realizar uma campanha integrada, eficaz e duradoura por terra e ar", disse Gates na sexta-feira em Bruxelas.

Gates, que deixará seu cargo no fim do mês, afirmou que alguns aliados começam a precisar de munições e lamentou que esses países exijam "uma vez mais que os Estados Unidos façam a diferença".


O almirante Mark Stanhope, chefe da Armada Real britânico (Royal Navy), estimou nesta terça-feira que seu país deverá voltar a avaliar suas prioridades na Líbia se a ofensiva durar mais de seis meses.

O general francês Stéphane Abrial, comandante supremo aliado, também sustentou nesta terça-feira em Belgrado que "se as operações se prolongarem, é claro que o assunto dos recursos se tornará crítico".

"Na realidade, nada sabemos", disse um especialista militar, Joseph Henrotin, pesquisador do Centro de Análise de Previsão de Riscos Internacionais (Capri), com sede em Paris.

Henrotin menciona particularmente a questão do material de reposição.

A Noruega, que participa na missão na Líbia com seis caças F-16, anunciou na sexta-feira passada que porá um ponto final a sua ação militar em 1º de agosto, dois meses antes do prazo para o fim do atual mandato da Otan.

Os aliados têm que "entender que a Noruega, com uma força aérea limitada, não pode garantir uma grande contribuição aérea durante muito tempo", afirmou o ministro norueguês da Defesa, Grete Faremo.

O almirante Pierre-François Forissier, chefe de Estado Maior da Marinha francesa, mencionou "um problema de recursos humanos". Além disso, se o porta-aviões "Charles de Gaulle" participar da operação líbia até o fim de 2011, "não poderá realizar operações durante todo 2012", por questões de manutenção, indicou.

Para Henrotin, os aliados têm meios militares, mas enfrentam problemas financeiros.

Uma fonte do ministério francês de Defesa estimou que o custo da missão líbia para a França é de 1,2 milhão de euros por dia.

"Temos que destinar os recursos disponíveis para diminuir o déficit público ou para a operação na Líbia? É uma decisão política", afirma o pesquisador, em referência à crise que obriga os países da zona do euro a drásticos ajustes.

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