Mundo

CPI vai aprofundar investigação nos governos de GO e DF

Na terça-feira, a CPI deve ter um dos seus pontos altos com o depoimento de Cachoeira

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo, e o deputado Delegado Protógenes durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o contraventor Carlinhos Cachoeira (José Cruz/ABr)

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo, e o deputado Delegado Protógenes durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga o contraventor Carlinhos Cachoeira (José Cruz/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2012 às 22h19.

São Paulo - Depois de tomar conhecimento dos detalhes das operações Vegas e Monte Carlo da Polícia Federal, o relator da CPI sobre Carlinhos Cachoeira, deputado Odair Cunha (PT-MG), chegou à conclusão de que a suposta organização criminosa comandada pelo empresário se infiltrou nos governos de Goiás e do Distrito Federal e tentou levar suas práticas para outros Estados.

Segundo ele, a CPI tem que focar sua investigação inicial nessas relações da organização com integrantes dessas administrações estaduais e no papel da construtora Delta, que está no centro das denúncias de irregularidades, dentro desse esquema.

"(O depoimento) foi a confirmação da presença dessa organização criminosa em setores de governos estaduais e isso merece nossa investigação", disse Cunha, após a sessão secreta desta quinta-feira da CPI que ouviu o delegado Matheus Mella Rodrigues, que comandou as investigações da operação Monte Carlo.

"Especialmente posso afirmar que há uma impregnação muito forte dessa organização criminosa no governo de Goiás e revela que temos que aprofundar essas investigações", afirmou.

A Polícia Federal não coletou provas de que Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tinha relação direta com os governadores Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF), mas as investigações contém indícios de influência do empresário nos dois governos.


O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), que defende a convocação imediata de Perillo, disse que o delegado da PF apresentou indícios concretos de que as secretarias de Comércio, Educação, Segurança Pública e Infraestrutura de Goiás estavam "cooptadas" pela suposta organização criminosa.

No caso do Distrito Federal, o esquema de Cachoeira teria proximidade com o chefe de gabinete do governador e tentava articular a participação em algumas licitações, segundo relato de parlamentares.

O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) e Randolfe disseram que o delegado da PF levantou suspeitas sobre a negociação de um imóvel entre Perillo e Cachoeira. Segundo parlamentares, o governador teria vendido um imóvel ao empresário por intermédio de um sobrinho de Cachoeira, Felipe Ramos.

Mesmo com tantas informações sobre o governo goiano, Cunha disse que ainda não vê necessidade de modificar seu plano de trabalho, que prevê a possibilidade de convocar governadores à comissão a partir de junho.

"Não vejo necessidade de acelerarmos a oitiva de ninguém", afirmou o relator.

À CPI, o delegado da Polícia Federal disse que há indícios de que a suposta organização criminosa tinha um esquema de evasão de divisas por intermédio de empresas de Cachoeira no exterior.

Cunha revelou também que a quadrilha estava tentando se infiltrar no Paraná para conseguir a legalização de jogos, semelhante à autorização que tinha para operar em Goiás.


"Existia um projeto de territorialização da organização criminosa, de conseguir estender o negócio do jogo. Então, eles faziam incursões sobre agentes públicos de diversos estados e havia um movimento em relação ao Paraná", afirmou o relator.

Delta

Cunha afirmou que os depoimentos dos delegados da PF na terça-feira e nesta quinta-feira reafirmaram a necessidade de ouvir rapidamente o ex-diretor da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que seria sócio de Cachoeira.

Cachoeira, aliás, é apontando pelo Ministério Público como sócio oculto da construtora.

"O que ele (delegado Rodrigues) disse só confirmou nossa percepção de que há uma relação muito intensa entre o Carlos Cachoeira e o Cláudio Abreu, reafirmando a tese de que ele seria sócio oculto. Outros diretores e outras pessoas ainda precisam ser investigadas", explicou o relator.

A sessão secreta desta quinta-feira foi marcada pela polêmica levantada por alguns parlamentares que reclamaram da presença de membros da defesa do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), envolvido nas denúncias, e de Cachoeira no depoimento do delegado da Polícia Federal.

O presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), autorizou a presença dos advogados, mas não comunicou aos demais parlamentares que ficaram exaltados com a surpresa. Alguns chegaram a bater boca na reunião e quase chegaram às agressões físicas.

Os parlamentares também acertaram que na sessão do dia 17 vão debater o requerimento que pede a convocação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que resiste ir à CPI porque se declara impedido juridicamente.

Na terça-feira, a CPI deve ter um dos seus pontos altos com o depoimento de Cachoeira.

Acompanhe tudo sobre:Carlinhos CachoeiraCorrupçãoEscândalosFraudesPolítica no BrasilPolíticos

Mais de Mundo

Brasileiros crescem na política dos EUA e alcançam cargos como prefeito e deputado

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada