A morte da jornalista Caruana Galizia, que tinha 53 anos e teve uma bomba instalada em seu carro na segunda-feira, adianta o quão obscura é a corrupção maltes
Da Redação
Publicado em 18 de outubro de 2017 às 06h27.
Última atualização em 18 de outubro de 2017 às 07h07.
A mediterrânea ilha de Malta, conhecida por suas paisagens paradisíacas e construções grandiosas, está com sua democracia ameaçada. Imersa em escândalos de corrupção, o país sofreu seu maior atentado à liberdade de expressão nesta semana, com o assassinato da jornalista Caruana Galizia, que liderava a investigação Panamá Papers no país.
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Nesta quarta-feira, o caso será tema de uma reunião do Parlamento Europeu, que montou uma comissão para investigar de perto as denúncias contra países do bloco e que, agora, vai apresentar suas recomendações.
A comissão de inquérito — chamada de PANA Committee — investiga internamente os casos de lavagem de dinheiro e evasão fiscal dentre os países da União Europeia, desde junho de 2016.
Para produzir o relatório final, que será votado hoje em Bruxelas, foram realizadas 27 reuniões públicas e visitas a países denunciados, inclusive Malta. Também foram ouvidas centenas de especialistas, além de terem sido encomendados nove estudos acadêmicos sobre o assunto.
A morte da jornalista Caruana Galizia, que tinha 53 anos e teve uma bomba instalada em seu carro na segunda-feira, adianta o quão obscura é a corrupção maltesa. Segundo Sven Giegold, coordenador da PANA Committee, ela tinha um papel crucial em desvendar uma série de irregularidades do país, inclusive contra figuras centrais do governo.
Ela descobriu que o ministro de Energia, o chefe de gabinete e a esposa do primeiro-ministro, Joseph Muscat, tinham contas offshore no Panamá para receber dinheiro do Azerbaijão.
A morte de Galizia foi vista como inaceitável dentro de um país da União Europeia. Seu trabalho em denunciar esquemas de corrupção no país foi reconhecido, no início deste ano, pelo site americano Politico, que a classificou como uma das 28 personalidades que fazem a Europa andar e a definiu como o Wikileaks inteiro em uma única mulher.
Caruana Galizia era também autora de um dos mais populares blogues do país, o Running Comment, e seu último post foi publicado meia-hora antes de sua morte. “Há criminosos em todos os lugares que você olhar agora. A situação é desesperadora”, ela disse. Que as investigações honrem sua memória.