Mundo

Coreia do Sul prende capitão do navio que afundou

O capitão da balsa que afundou com 475 pessoas a bordo na Coreia do Sul foi preso pelas autoridades locais


	Imagem da balsa naufragada: capitão foi preso pelas autoridades locais
 (KIM HONG-JI/Reuters)

Imagem da balsa naufragada: capitão foi preso pelas autoridades locais (KIM HONG-JI/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 18 de abril de 2014 às 17h51.

O capitão do ferry sul-coreano que naufragou há três dias na Coreia do Sul, com 475 pessoas a bordo, a maioria estudantes, foi detido neste sábado, informou a imprensa local.

Lee Joon-Seok, 52 anos, enfrenta cinco acusações, incluindo negligência e violação do direito marítimo, destacou a agência de notícias Yonhap.

Um tribunal de Mokpo apresentou as acusações contra o capitão e outros dois membros da tripulação, e decretou a prisão para evitar sua fuga.

O acidente deixou 28 mortos e 268 desaparecidos, segundo o último boletim da guarda costeira.

O capitão Lee Joon-seok e a maioria dos 28 membros da tripulação abandonaram a embarcação antes do naufrágio, quando centenas de passageiros estavam presos, o que provocou muitas críticas das famílias das vítimas.

Das 475 pessoas que estavam a bordo, incluindo mais de 300 estudantes do ensino médio, apenas 179 pessoas foram resgatadas.

Um dos sobreviventes, o vice-diretor da escola onde os alunos estudavam, ao sul de Seul, foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira em Jindo.

Aparentemente, o homem cometeu suicídio, informou a agência Yonhap, especificando que a polícia encontrou uma carta anunciando o ato de desespero na carteira do funcionário.

"Sobreviver sozinho é muito difícil... eu assumo toda a responsabilidade", escreveu.

De acordo com a imprensa local, o homem foi encontrado enforcado com um cinto em um galho de árvore.


Um suboficial, e não o capitão, pilotava a balsa no momento da tragédia, informou mais cedo a justiça.

"Era o terceiro-tenente que estava no comando no momento do acidente", declarou o procurador-geral Park Jae-eok, em entrevista coletiva. "O capitão não estava no leme".

Violentamente criticado pelas famílias dos desaparecidos por abandonar a embarcação quando centenas de passageiros estavam presos, o capitão Lee Joon-seok estava "na popa", acrescentou o procurador.

Segundo muitos passageiros resgatados, inicialmente, todos foram orientados a permanecer em suas cabines e assentos. Quando o navio adernou, o pânico foi generalizado.

"A tripulação ficava dizendo que não devíamos nos mexer", contou um dos sobreviventes ao canal YTN. "Então, de repente, a balsa virou, e as pessoas escorregaram para um lado. Ficou muito difícil de sair".

As causas do acidente ainda são desconhecidas. Vários passageiros disseram ter ouvido um forte ruído, quando o navio parou de repente. Isso pode significar que o barco encalhou, batendo no fundo, ou que se chocou contra algum objeto submerso.

Alguns especialistas também sugerem que a carga do "ferry", que transportava 150 veículos, tenha se deslocado e desequilibrado a balsa.

O capitão garantiu que não bateu em rocha alguma.


Cercado pela imprensa na sede da Guarda Costeira, ele pediu desculpas na quinta-feira.

"Sinto muito, de verdade, pelos passageiros, pelas vítimas e pelas famílias", declarou.

Os pais dos estudantes acusam o governo, os socorristas e a tripulação da balsa de incompetência.

A empresa que opera a balsa "Sewol", a Chonghaejin Marine Co., informou que o capitão tem muitos anos de experiência e percorria há oito anos o trajeto Incheon-Jeju, no qual ocorreu a tragédia.

A revolta das famílias aumenta a cada dia. Os pais, dominados pela angústia e a dor, criticam violentamente as autoridades, acusadas de mentir e de indiferença.

"O governo mentiu ontem", declarou nesta sexta-feira um homem que falava em nome de todos os pais em uma entrevista ao vivo na televisão.

"As coisas são assim na Coreia do Sul? Voltamos a suplicar mais uma vez, por favor, que salvem nossos filhos".

O ferry seguia para a ilha de Jeju, um complexo turístico muito popular, e além dos 375 estudantes transportava 14 professores, todos da mesma escola secundária de Ansan, uma cidade ao sul da capital Seul.

Acompanhe tudo sobre:acidentes-de-barcoÁsiaCoreia do SulMortesNaufrágiosSeul

Mais de Mundo

Maduro afirma que começa nova etapa na 'poderosa aliança' da Venezuela com Irã

Presidente da Colômbia alega ter discutido com Milei na cúpula do G20

General norte-coreano é ferido em Kursk, diz jornal dos EUA

O que se sabe sobre o novo míssil balístico russo Oreshnik, usado em ataque na Ucrânia