Mundo

Coreia do Norte registra 21 mortes em seu primeiro surto de covid

O governo impôs bloqueios em todo o país na última quinta-feira, depois de confirmar os primeiros casos da doença. Até então, a Coreia do Norte afirmava que o país não tinha registro de casos de covid-19

 (Pablo Bonfiglio/Getty Images)

(Pablo Bonfiglio/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de maio de 2022 às 11h01.

A Coreia do Norte registrou 21 novas mortes suspeitas de covid-19 e mais 174.440 pessoas doentes com sintomas gripais neste sábado (14). A mídia estatal não confirmou quantas mortes foram causadas pela covid-19, mas o país sofre com a propagação rápida do coronavírus desde o final de abril. A população não está vacinada.

Dois anos depois do começo da pandemia, é a primeira vez que a Coreia do Norte sofre com a disseminação do coronavírus. Ao todo o país confirmou 27 mortes de “pacientes que apresentaram febre” e 524.440 doentes, mas não especificou quantos destes testaram positivo para a covid-19. Segundo o governo, 243,6 mil estão recuperados e outros 280,8 mil permanecem em quarentena.

O governo impôs bloqueios em todo o país na última quinta-feira, depois de confirmar os primeiros casos da doença. Até então, a Coreia do Norte afirmava que o país não tinha registro de casos de covid-19, que se espalhou para quase todos os lugares do mundo e matou mais de 6,2 milhões de pessoas.

Apesar das medidas restritivas para evitar a circulação de pessoas entre cidades, as descrições da mídia estatal norte-coreana indicam que a população não está confinada.

O líder norte-coreano Kim Jong Un, durante uma reunião sobre estratégias epidemiológicas neste sábado, noite de sexta no Brasil, descreveu o surto como uma “grande interrupção” histórica e pediu união entre o governo e o povo para acabar com a disseminação do vírus o mais rápido possível.

Kim expressou otimismo de que o país possa controlar a explosão de casos. Segundo ele, a maioria dos contágios ocorre em comunidades isoladas umas das outras e não se espalha de região para região.

Especialistas dizem que uma falha no controle da disseminação de covid-19 pode ter consequências devastadoras na Coreia do Norte, considerando o sistema de saúde precário do país e o fato dos 26 milhões de habitantes não estarem vacinados.

Exames realizados no domingo passado em suspeitos de Pyongyang, capital do país, confirmaram que eles estavam infectados com a variante Ômicron, segundo a mídia estatal. No entanto, o número de pessoas que realizaram o teste não foi especificado. Até agora, um paciente infectado pela Ômicron teve a morte confirmada em decorrência da doença.

Sem vacinas, pílulas antivirais, unidades de terapia intensiva (UTI) e outros equipamentos importantes de saúde para combater o vírus, a resposta à pandemia da Coreia do Norte será principalmente isolar pessoas com sintomas em abrigos designados dizem especialistas.

O analista do Instituto Coreano de Unificação Nacional de Seul, Hong Min, afirmou que a Coreia do Norte não tem recursos tecnológicos e outros para impor bloqueios extremos como a China que fechou cidades inteiras e confinou moradores em suas casas. Essas medidas também criariam o risco de desencadear crises em uma economia frágil.

Mesmo pedindo medidas preventivas mais fortes para retardar a propagação do coronavírus, Kim Jong Un também enfatizou que as metas econômicas do país devem ser cumpridas. Isso provavelmente significa que grandes grupos continuarão a se reunir em locais agrícolas, industriais e de construção.

Segundo especialistas, é incomum que a Coreia do Norte admita isoladamente o surto de qualquer doença infecciosa, principalmente uma tão ameaçadora quanto a covid-19. Para o país isso afeta a percepção externa sobre a sua auto-descrita “utopia socialista”. Especialistas se questionam se o anúncio do surto comunica a disposição de receber ajuda externa.

Anteriormente, o país rejeitou milhões de doses oferecidas pelo programa de distribuição Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS). A suspeita é de que a recusa foi para evitar o monitoramento exigido pela comunidade internacional em relação a aplicação das doses.

A Coreia do Norte tem uma tolerância maior ao sofrimento civil do que a maioria das outras nações e alguns especialistas dizem que o país pode estar disposto a aceitar um certo nível de fatalidades para ganhar imunidade através da infecção, em vez de receber vacinas e outras ajudas externas.

O novo governo conservador da Coreia do Sul, liderado pelo presidente Yoon Suk Yeol, que assumiu o cargo na última terça-feira, se ofereceu para enviar vacinas e outros suprimentos médicos à Coreia do Norte por motivos humanitários, mas autoridades de Seul dizem que o governo de Kim Jong Un até agora não fez nenhum pedido de ajuda.

A propagação viral poderia ter sido acelerada depois que cerca de dezenas de milhares de civis e soldados se reuniram para um enorme desfile militar em Pyongyang no dia 25 de abril, onde Kim ocupou o centro do palco e exibiu os mísseis mais poderosos do programa nuclear.

Depois de manter um dos fechamentos de fronteira mais rígidos do mundo por dois anos para proteger a população da covid-19, a Coreia do Norte reabriu o tráfego ferroviário de mercadorias com a China em fevereiro, aparentemente para aliviar a pressão sobre sua economia. Mas a China confirmou o fechamento da rota no mês passado, enquanto lutava contra surtos da doença nas áreas de fronteira.

Acompanhe tudo sobre:Coreia do NorteCoronavírus

Mais de Mundo

Putin sanciona lei que anula dívidas de quem assinar contrato com o Exército

Eleições no Uruguai: Mujica vira 'principal estrategista' da campanha da esquerda

Israel deixa 19 mortos em novo bombardeio no centro de Beirute

Chefe da Otan se reuniu com Donald Trump nos EUA