Coreia do Norte lança dois mísseis (Jung Yeon-je/AFP)
AFP
Publicado em 17 de janeiro de 2022 às 07h04.
Última atualização em 17 de janeiro de 2022 às 09h07.
A Coreia do Norte lançou, nesta segunda-feira (17), dois novos projéteis - provavelmente mísseis balísticos, segundo Seul - em seu quarto teste de armas desde o início do ano.
Pyongyang acelerou, nas últimas semanas, seus testes de armas, com o regime de Kim Jong Un buscando fortalecer as capacidades militares do país - sujeito a pesadas sanções internacionais, enquanto recusa ofertas de diálogo dos Estados Unidos.
Os dois "mísseis balísticos de curto alcance" foram lançados de um aeroporto perto de Pyongyang nesta segunda-feira pouco antes das 09h00 (21h00 de domingo no horário de Brasília), e percorreram 380 km a uma altitude de 42 km, de acordo com o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul.
Esses novos lançamentos ocorrem em um momento delicado para a região, com eleições presidenciais marcadas para março na Coreia do Sul, enquanto a China, único grande aliado da Coreia do Norte, se prepara para sediar os Jogos Olímpicos de Inverno no próximo mês.
A frequência e variedade dos testes mostram que a Coreia do Norte está "tentando melhorar sua tecnologia e capacidades operacionais para realizar ações secretas, de maneira que outros países tenham dificuldades em detectar os sinais preparatórios de um lançamento", comentou o ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, em coletiva de imprensa.
"O notável desenvolvimento da tecnologia de mísseis da Coreia do Norte não pode ser ignorado, para a segurança do Japão e da região", alertou.
A Coreia do Norte afirmou ter testado com sucesso mísseis hipersônicos, uma arma particularmente sofisticada, em 5 e 11 de janeiro, sendo o segundo lançamento supervisionado pelo próprio Kim Jong Un.
Os mísseis hipersônicos podem atingir cinco vezes a velocidade do som, ou mais. São mais rápidos e manobráveis do que os mísseis padrão, tornando-os mais difíceis de interceptar pelos sistemas de defesa, nos quais os Estados Unidos gastam bilhões de dólares.
Os Estados Unidos responderam, na semana passada, com novas sanções, o que Pyongyang chamou de "provocação".
Se "os Estados Unidos adotarem tal atitude de confronto, a RPDC (República Popular e Democrática da Coreia, nome oficial da Coreia do Norte) será forçada a uma reação certa e mais forte", advertiu um porta-voz do governo norte-coreano na sexta-feira.
Em seu plano de defesa para os próximos cinco anos, apresentado em janeiro de 2021, a Coreia do Norte citou os mísseis hipersônicos como sua prioridade número um, já que o diálogo com os Estados Unidos sobre seu programa balístico e nuclear permanece paralisado.
O país atravessa uma grave crise econômica, agravada pelas sanções e pelo fechamento de suas fronteiras em nome do combate à covid-19, e o regime “precisa apresentar algo aos norte-coreanos”, estima Cheing Seong-chang, do Centro de Estudos Norte-coreanos do Instituto Sejong.
Pyongyang procura impressionar a população com inovação militar, pois "ficou claro que o Norte terá que lutar no campo econômico", acrescenta este analista.
Um trem de carga norte-coreano cruzou a ponte internacional sobre o rio Yalu no fim de semana passado e entrou na China, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap. Um evento que pode significar a retomada do comércio entre os dois países, suspenso desde o início da pandemia, há cerca de dois anos.
"O momento escolhido sugere que Pequim é mais do que cúmplice das provocações de Pyongyang", estima Leif-Eric Easley, professor da Universidade Ewha em Seul. Segundo ele, "a China apoia economicamente a Coreia do Norte e coordena com ela do ponto de vista militar".