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Coreia do Norte inclui status de potência nuclear na Constituição

Apesar das sanções internacionais contra seu programa nuclear e armamentista, a Coreia do Norte realizou um número recorde de testes de mísseis este ano

Os esforços diplomáticos fracassaram para convencer Pyongyang a renunciar a seu arsenal atômico (AFP/AFP)

Os esforços diplomáticos fracassaram para convencer Pyongyang a renunciar a seu arsenal atômico (AFP/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 28 de setembro de 2023 às 08h42.

A Coreia do Norte incorporou a sua Constituição o status de potência nuclear e seu líder, Kim Jong Un, pediu a produção de mais armas atômicas modernas para contra-atacar a ameaça dos Estados Unidos, anunciou nesta quinta-feira, 28, a imprensa estatal.

Apesar das sanções internacionais contra seu programa nuclear e armamentista, a Coreia do Norte realizou um número recorde de testes de mísseis este ano, ignorando as advertências dos Estados Unidos, da Coreia do Sul e de outros países.

Os esforços diplomáticos fracassaram para convencer Pyongyang a renunciar a seu arsenal atômico. E depois que Kim declarou o status de potência nuclear do país como algo "irreversível", este princípio está agora consagrado na Constituição.

"A política de construção de uma força nuclear da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) foi estabelecida de forma permanente como lei básica do Estado, que ninguém pode burlar por nenhum meio", disse o líder norte-coreano Kim Jong Un durante uma reunião da Assembleia Popular, segundo a agência oficial de notícias KCNA.

Armamento para "defesa" contra os EUA

O Parlamento, que segue as ordens do regime ditatorial comunista, se reuniu na terça e quarta-feira.

Kim afirmou que o país precisa do armamento para sua defesa contra a ameaça existencial dos Estados Unidos e seus aliados.

Washington "maximizou suas ameaças de guerra nuclear contra a nossa República ao retomar os exercícios de guerra nuclear em larga escala com uma clara natureza agressiva e com a mobilização de seus ativos nucleares estratégicos perto da Península Coreana", disse o líder norte-coreano.

Kim disse que o aumento da cooperação na área de defesa entre Washington, Seul e Tóquio é a "pior ameaça real" para seu país e que, portanto, é muito importante "acelerar a modernização das armas nucleares".

Ele também destacou a "necessidade de avançar com os trabalhos para aumentar exponencialmente a produção de armas nucleares e diversificar os recursos de ataque nuclear", segundo a KCNA.

O Japão reagiu e afirmou que o programa atômico de Pyongyang é "absolutamente inaceitável, uma ameaça à paz e segurança".

"Vamos trabalhar com Estados Unidos, Coreia do Sul e o restante da comunidade internacional para que as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da ONU sejam cumpridas, assim como a plena desnuclearização da Coreia do Norte", disse o porta-voz do governo japonês, Hirokazu Matsuno.

O governo sul-coreano afirmou que seu representante para Assuntos de Paz e Segurança na Península Coreana conversou com emissários dos Estados Unidos e Japão, e que os três "condenaram com veemência" a emenda constitucional.

Neste sentido, os países concordaram em trabalhar na criação de um contexto "em que a Coreia do Norte não tenha outra opção que a desnuclearização", informou o ministério da Relações Exteriores da Coreia do Sul.

Analistas consideram que a inclusão do status de potência nuclear na Constituição reduz ainda mais as esperanças de convencer Pyongyang sobre uma desnuclearização da península.

"O discurso de Kim (...) significa a permanência de sua força nuclear", declarou à AFP Yang Moon-jin, reitor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos de Seul.

"Isto afasta ainda mais a perspectiva de uma desnuclearização da Coreia do Norte", acrescentou.

"À beira de uma guerra nuclear"

Entre os testes militares de Pyongyang realizados este ano estão os lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais e uma simulação de "ataque tático nuclear".

O país comunista também tentou, sem sucesso, em duas ocasiões colocar em órbita um satélite de inteligência militar.

Coreia do Sul e Estados Unidos responderam com o reforço da cooperação de defesa, incluindo vários exercícios militares conjuntos, com a participação do Japão.

As relações entre as duas Coreias estão em um dos piores momentos e a diplomacia se encontra estagnada, após as tentativas frustradas de discutir uma desnuclearização.

O representante de Pyongyang na ONU, Kim Song, alertou esta semana na Assembleia Geral que a península "está à beira de uma guerra nuclear".

O teste mais recente de armas conhecido do país incluiu os lançamentos de dois mísseis de curto alcance no momento em que Kim viajava para a Rússia para uma reunião com o presidente Vladimir Putin.

A reunião alimentou os temores do Ocidente de que Moscou e Pyongyang assinariam contratos de vendas de armas.

Analistas acreditam que Moscou está interessada em adquirir munições norte-coreanas para a guerra na Ucrânia, enquanto Pyongyang deseja a ajuda russa para desenvolver mísseis e satélites.

A viagem de Kim "e o possível reforço da cooperação militar (com Moscou) indicam uma dedicação maior para virar uma grande potência nuclear", disse Yang Moon-jin.

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