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Coreia do Norte ignora ONU e promete mais mísseis

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, garantiu que o lançamento realizado nesta terça-feira foi apenas um "prelúdio"

Kim Jong-un: Pyongyang considera que os exercícios militares dos EUA são um ensaio geral de uma invasão a seu território (KCNA/Reuters)

Kim Jong-un: Pyongyang considera que os exercícios militares dos EUA são um ensaio geral de uma invasão a seu território (KCNA/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 08h48.

O presidente norte-coreano, Kim Jong-un, prometeu novos lançamentos de mísseis sobre o Japão e garantiu que o tiro desta terça-feira - condenado pela ONU por unanimidade - é apenas um "prelúdio".

O lançamento acima do arquipélago nipônico de um Hwasong-12 de alcance médio representa uma nova escalada na crise norte-coreana, um mês depois de Pyongyang ter lançado dois mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) com potencial para alcançar boa parte do continente americano.

Naquele momento, o presidente americano, Donald Trump, ameaçou a Coreia do Norte com uma chuva de "fogo e fúria". Pyongyang rebateu, prometendo uma salva de mísseis próximo a Guam, um território americano do Pacífico, onde vivem 6.000 soldados dos EUA e que abriga instalações estratégicas.

Na terça, Trump advertiu em um tom mais diplomático que "todas as opções" estão sobre a mesa.

No mesmo dia, o Conselho de Segurança da ONU, que impôs recentemente uma sétima série de sanções a Pyongyang, condenou "firmemente" o lançamento do míssil norte-coreano.

Pequim e Moscou, dois aliados-chave de Pyongyang, apoiaram o texto, que não preveem um reforço imediato nas sanções contra a Coreia do Norte.

Resposta à "invasão"

O "Rodong Sinmun", jornal oficial do partido único no poder na Coreia do Norte, publicou nesta quarta cerca de 20 fotos do disparo. Em uma delas, vê-se um jovial Kim Jong-un rodeado por seus conselheiros, com um mapa do noroeste do Pacífico em seu escritório.

Em outra imagem, ele aparece observando o míssil lançado de Sunan, próximo a Pyongyang. O projétil percorreu 2.700 quilômetros, a uma altitude máxima de 550 km, antes de cair no Pacífico.

Em uma nota publicada hoje, a agência oficial de notícias norte-coreana, a KCNA, cita Kim, anunciando "mais exercícios de disparos de mísseis balísticos no futuro, com seu alvo no Pacífico".

O lançamento de terça foi "um prelúdio importante para conter Guam, base avançada da invasão", declarou, referindo-se a um "avanço das contramedidas" frente às manobras militares que os Exércitos americano e sul-coreano estão realizando na Coreia do Sul.

Pyongyang considera que esses exercícios militares são um ensaio geral de uma invasão a seu território.

É a primeira vez que Pyongyang declara ter enviado um míssil sobre o território japonês. Em 1998 e em 2009, a Coreia do Norte havia lançado foguetes que sobrevoaram o Japão, mas, em ambas as ocasiões, Pyongyang havia argumentado que se tratava de veículos espaciais.

"Ações ameaçadoras"

Milhões de habitantes do norte do Japão, que não cederam ao pânico, acordaram ontem com uma mensagem de alerta do governo, enquanto pelos alto-falantes se ouvia: "Lançamento de míssil. Abriguem-se!".

"As ações ameaçadoras e desestabilizadoras apenas aumentam o isolamento do regime da Coreia do Norte na região e entre todas as nações do mundo", declarou Trump em um comunicado.

"Todas as opções estão sobre a mesa", acrescentou.

Pouco depois, sua embaixadora na ONU, Nikki Haley, reivindicou "uma decisão forte".

Os 15 países do Conselho de Segurança da ONU pediram a aplicação "estrita e plena" das resoluções das Nações Unidas, incluindo as que impõem sanções econômicas à Coreia do Norte.

Segundo fontes diplomáticas, a ONU contemplaria a possibilidade de sancionar Pyongyang, deportando os trabalhadores norte-coreanos empregados no exterior, ou com medidas que afetem o setor do petróleo.

Segundo uma fonte diplomática de Washington, o principal desafio da ONU era mostrar que a unidade internacional se mantém - com Moscou e Pequim - e chegar a um acordo sobre uma resposta rápida após o disparo do míssil.

O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang Yi, indicou hoje que seu país está conversando com seus sócios do Conselho de Segurança sobre qual "reação" deve ser adotada. Yi ressaltou a importância de um consenso.

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