Coreia do Norte: outros dois dirigentes norte-coreanos foram enviados a campos de reeducação (REUTERS/Denis Balibouse)
Da Redação
Publicado em 31 de agosto de 2016 às 09h13.
A Coreia do Norte executou um vice-premier por desrespeito em uma reunião presidida pelo líder supremo do país, Kim Jong-Un, e enviou outras duas autoridades do regime para campos de reeducação, anunciou nesta quarta-feira a Coreia do Sul.
Desde que passou a liderar o regime após a morte de seu pai no fim de 2011, o jovem dirigente norte-coreano teria executado e condenado várias autoridades, com o objetivo de reforçar seu poder no país.
"O ministro da Educação, Kim Yong-Jin, foi executado", declarou o porta-voz do ministério da Unificação da Coreia do Sul, Jeong Joon-Hee.
Kim Yong-Jin tinha o cargo de vice-premier.
Kim foi executado por um pelotão de fuzilamento em julho, acusado de ser "um agitador contrário ao partido e inimigo da revolução", informou um funcionário do ministério, que pediu para não ser identificado.
"Foi denunciado por estar sentado de maneira equivocada quando estava debaixo da tribuna durante uma sessão do Parlamento. Depois foi submetido a um interrogatório, durante o qual foram 'revelados' seus outros crimes", completou a fonte sul-coreana.
O jornal sul-coreano JoongAng Ilbo informou na terça-feira que dois altos funcionários do regime de Pyongyang haviam sido executados, mas citou uma autoridade do ministério da Educação identificada com outro nome.
"Provocou a ira de Kim quando dormiu durante uma reunião presidida por Kim Jong-Un. Foi detido no próprio local e submetido a um intenso interrogatório no ministério da Segurança do Estado", afirmou o jornal.
O ministério sul-coreano da Unificação acrescentou que outros dois dirigentes norte-coreanos foram enviados a campos de reeducação.
Punição por sua "arrogância"
Entre os homens enviados para a reeducação está Kim Yong-Chol, alto funcionário para questões intercoreanas e de espionagem.
Kim Yong-Chol, de 71 anos, fez carreira no serviço de inteligência militar e muitos acreditam que é o cérebro dos ataques virtuais contra Seul.
A Coreia do Sul também o acusa de estar por trás do ataque contra um navio de guerra sul-coreano em 2010 perto da fronteira marítima disputada pelos dois países no Mar Amarelo.
Kim Jong-Chol foi enviado a uma fazenda em julho como punição por sua "arrogância" e "abuso de poder", de acordo com a fonte ministerial.
A mesma fonte indicou que ele retomou as funções em agosto e agora tenta demonstrar sua lealdade ao regime.
A agência sul-coreana Yonhap afirma que mais de 100 dirigentes do partido foram executados desde que Kim Jong-Un chegou ao poder.
O caso mais famoso foi a execução em dezembro de 2013 do influente tio de Kim Jong-Un, Jang Song-Thaek, acusado de traição e corrupção.
Jang, marido da irmã do finado Kim Jong-Il, teve um papel-chave na consolidação da liderança do inexperiente Kim, convertendo-se em uma espécie de "eminência parda" do regime de Pyongyang até cair em desgraça.
Em abril de 2015, o serviço de inteligência sul-coreana informou que Kim Jong-Un havia ordenado a execução do ministro da Defesa, Hyon Yong-Chol.
O anúncio da execução mais recente foi feito após uma série de deserções de personalidades norte-coreanas.
O número dois da embaixada da Coreia do Norte no Reino Unido, Thae Yong-Ho, desertou para o Sul com a família, anunciou recentemente Seul. De acordo com a agência Yonhap, mais de 10 diplomatas norte-coreanos conseguiram fugir para o Sul no primeiro semestre de 2016.