Mundo

Coreia do Norte escolhe ilha do Sul como primeiro alvo

A ilha de Baengnyeong será o primeiro alvo do exército norte-coreano, anunciou o dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un


	O líder norte-coreano, Kim Jong-Un: Baengnyeong tem 5.000 habitantes e é a base de várias unidades militares.
 (AFP)

O líder norte-coreano, Kim Jong-Un: Baengnyeong tem 5.000 habitantes e é a base de várias unidades militares. (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de março de 2013 às 17h13.

Seul - O dirigente da Coreia do Norte, Kim Jong-un, designou uma pequena ilha sul-coreana, perto da fronteira marítima entre os dois países, como primeiro alvo em caso de conflito, enquanto a tensão permanecia elevada na península, informou a imprensa estatal.

A ilha de Baengnyeong será o primeiro alvo do exército norte-coreano, anunciou Kim, durante uma visita aos quartéis militares próximos da fronteira na segunda-feira, o primeiro dia das manobras militares conjuntas de Seul e Washington, muito criticadas por Pyongyang.

Baengnyeong tem 5.000 habitantes e é a base de várias unidades militares.

Nos últimos dias, a Coreia do Norte ameaçou com uma "guerra termonuclear", advertiu o governo dos Estados Unidos que estava exposto a um "ataque nuclear preventivo" e denunciou o armistício que acabou com a Guerra da Coreia em 1953.

Mas a Coreia do Sul se negou nesta terça-feira a reconhecer a decisão da Coreia do Norte de denunciar unilateralmente o armistício alcançado há 60 anos pelos dois países e exigiu que Pyongyang encerre a nova retórica belicista.

"A denúncia unilateral ou o cancelamento do acordo de armistício não estão previstos em seus próprios dispositivos nem no direito internacional", afirmou à imprensa o porta-voz do ministério sul-coreano das Relações Exteriores, Cho Tai-young.

Na origem do clima explosivo está o lançamento em dezembro pela Coreia do Norte de um foguete, considerado por Seul e seus aliados como um míssil balístico. Em fevereiro, o país executou o terceiro teste nuclear, ao qual o Conselho de Segurança da ONU respondeu com novas sanções contra Pyongyang na sexta-feira passada.


Em novembro de 2010, Pyongyang bombardeou a ilha de Yeonpyeong, também próxima da fronteira marítima, um ataque que matou quatro sul-coreanos.

"Uma vez dada a ordem, deverão romper a coluna dos inimigos dementes, deverão cortar o pescoço e assim mostrar claramente o que é uma verdadeira guerra", disse Kim Jung-un, de acordo com declarações divulgadas pela agência oficial norte-coreana KCNA.

Um funcionário do governo da ilha ameaçada, Kim Young-Gu, disse que os abrigos para civis estavam preparados para receber a população e que todos estavam em alerta.

"Não há uma fuga em massa para o continente, mas, para ser sincero, existe um pouco de medo", declarou à AFP.

Pyongyang questiona a linha de delimitação marítima entre o Norte e o Sul, traçada pela ONU depois da Guerra da Coreia (1950-1953). Vários confrontos letais entre os dois países aconteceram na região nos últimos anos.

Para o ministério sul-coreano da Defesa, o Norte tenta exercer "uma pressão psicológica" sobre a Coreia do Sul e deve iniciar em breve manobras militares.

"Se o Norte provocar, responderemos de maneira a causar mais danos", declarou o porta-voz do ministério, Kim Min-seok.


Na segunda-feira, o Departamento do Tesouro americano decidiu aplicar sanções contra o Banco Norte-Coreano de Comércio Exterior (FTB), para conter a entrada de divisas que Pyongyang utiliza para financiar seus programas nuclear e balístico.

A Casa Branca admitiu preocupação com a "retórica belicosa da Coreia do Norte", mas destacou que o país não conseguirá nada com ameaças e provocação.

O chefe nacional da inteligência americana, James Clapper, alertou nesta terça-feira no Congresso para os riscos à segurança que o país enfrenta, referindo-se a eventuais ataques cibernéticos, ao Irã, à Coreia do Norte, à Al-Qaeda e à Síria.

Sobre a questão nuclear, o alto funcionário se referiu também à Coreia do Norte, o outro inimigo público dos Estados Unidos.

"Apesar de avaliarmos com um grau relativamente baixo a probabilidade de a Coreia do Norte tentar utilizar armas nucleares contra as forças dos Estados Unidos ou seus aliados para preservar o regime de Kim (Jong-un), não sabemos que representaria, da perspectiva da Coreia do Norte, cruzar esse limiar", afirmou Clapper.

Na segunda-feira, Coreia do Sul e Estados Unidos - país que mantém 28.500 soldados no sul da península - iniciaram as manobras militares anuais, chamadas de "Key Resolve", que são em sua maioria virtuais, mas que mobilizam milhares de soldados (10.000 sul-coreanos e 3.500 americanos).

Como em todos os anos, Pyongyang condenou os exercícios, que compara a uma invasão do Norte pelo Sul com a ajuda de Washington, e suspendeu o telefone vermelho, a linha de comunicação entre Pyongyang e Seul para casos de emergência.

Acompanhe tudo sobre:Países ricosCoreia do NorteÁsiaEstados Unidos (EUA)Coreia do Sul

Mais de Mundo

AtlasIntel: Candidata do Partido Comunista lidera eleição no Chile

A Terra está rachando? 'Ultrassom' revela placa oceânica com rasgos de 5km de profundidade

Trump afirma que não está considerando ataques na Venezuela

Talibã pede para participar da COP30 em meio às secas no Afeganistão