Militares da Coreia do Norte dizem estar se preparando para mais exercícios com disparos na área em disputa (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2010 às 12h26.
Seul - A Coreia do Norte neste domingo alertou sua vizinha, que engrossou o discurso recentemente, sobre a continuação de seus exercícios militares perto de uma disputada fronteira marítima na costa oeste da península, acusando a Coreia do Sul de estar "determinada a desencadear uma guerra."
A retórica de Seul se acentuou na última semana, induzida pelos protestos crescentes e de pesquisas de opinião críticas ao que se vê como uma resposta fraca do governo conservador ao bombardeio com vítimas fatais da ilha de Yeonpyeong no mês passado.
Os militares da Coreia do Norte dizem estar se preparando para realizar mais exercícios com disparos na área em disputa, possivelmente já na segunda-feira, enfurecendo Pyongyang, que disse que o ataque de novembro foi uma reação a uma manobra semelhante, quando o Sul fez disparos de artilharia em suas águas.
A Coreia do Sul alega que as manobras foram inofensivas e corriqueiras, e que foram realizadas na chamada Linha Limítrofe do Norte (NLL na sigla em inglês).
As tensões alcançaram seu nível mais alto em décadas após o ataque na dividida península, que ocorreu dias depois da revelação de que o Norte fez avanços significativos em seu programa nuclear.
Os ministros das Relações Exteriores da Coreia do Sul e do Japão partiram para Washington neste domingo para se encontrar com a Secretária de Estado Hillary Clinton e discutir a Coreia do Norte. Espera-se que emitam um comunicado condenando as ações de Pyongyang.
A China, o maior aliado do Norte e responsável pelo estancamento das conversas internacionais sobre o programa nuclear com Pyongyang, não foi convidada. Entretanto, a tríade de Washington deve discutir a proposta de Pequim de conversas regionais de caráter emergencial sobre a crise.
A Coreia do Norte contesta a NLL, próxima de Yeonpyeong e uma fronteira marítima estabelecida pelas Nações Unidas sem o consentimento de Pyongyang, no final da guerra das duas Coreias entre 1950 e 1953.
O Sul está "divulgando abertamente que fará disparos nas águas territoriais do lado norte-coreano da ilha de Yeongpyeong, isto é, a mesma direção na qual realizaram a recente provocação," declarou a agência de notícias norte-coreana KCNA.
"Isto indica o quão frenéticos se encontram em seus gestos de provocação... (o Sul) está tão determinado em seus atos para intensificar a confrontação e iniciar uma guerra que se comporta de maneira descuidada e irracional," afirma.
O novo ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Kwan-jin, prometeu reagir com dureza ao Norte se novamente provocado, dizendo que Seul irá responder com bombas e ataques aéreos da próxima vez.
Analistas dizem esperar que o Norte realize ações cada vez maiores, mas duvidam que a situação desencadeie uma guerra propriamente dita. Outras medidas podem incluir mísseis e teste nucleares, já punidos por sanções da ONU.