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Coreia do Norte critica G-7 e afirma que posição nuclear do País é 'realidade inegável e crua'

A ministra ainda afirmou que o G-7 é "um punhado de países egoístas que não representa a comunidade internacional e serve como instrumento político para assegurar a hegemonia dos EUA"

Sob protestos, Coreia do Norte intensificou o seu programa de armas sancionadas pela ONU este ano e lançou o seu primeiro míssil balístico de combustível sólido este mês (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Sob protestos, Coreia do Norte intensificou o seu programa de armas sancionadas pela ONU este ano e lançou o seu primeiro míssil balístico de combustível sólido este mês (Chung Sung-Jun/Getty Images)

Estadão Conteúdo
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Agência de notícias

Publicado em 21 de abril de 2023 às 10h37.

Última atualização em 21 de abril de 2023 às 10h37.

A Ministra das Relações Exteriores da Coreia do Norte, Choe Son-hui, respondeu ao comunicado conjunto publicado no final da recente reunião dos Ministros das Relações Exteriores do G-7 com um editorial publicado nesta sexta-feira, 21, pela agência KCNA no qual assegura que o estatuto da Coreia como Estado nuclear é "inegável", bem como "final e irreversível".

O documento ao qual Choe responde foi publicado na terça-feira, 18, no final da reunião dos ministros em Karuizawa, no Japão, que sugeria que Pyongyang deveria abandonar o seu programa de armamento, um apelo do grupo para a desnuclearização do Norte, e afirmava que "a Coreia do Norte não pode e nunca irá obter o estatuto de Estado de armas nucleares ao abrigo do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP)".

Em sua resposta, Choe escreveu: "a posição da República Popular Democrática da Coreia (RPDC, nome oficial do país) como Estado de armas nucleares continuará a ser uma realidade inegável e não importa se os Estados Unidos e o Ocidente não a reconhecem durante cem ou mil anos".

A ministra ainda afirmou que o G-7 é "um punhado de países egoístas que não representa a comunidade internacional e serve como instrumento político para assegurar a hegemonia dos EUA", e considerou que "é anacrônico pensar que o direito e a capacidade de levar a cabo um ataque nuclear é exclusivo de Washington".

Choe acrescentou que o desenvolvimento de um programa nuclear por parte da Coreia do Norte "constitui um exercício justo da sua soberania para dissuadir a ameaça representada pelo ambiente de segurança instável causado pelas manobras militares imprudentes e provocatórias dos EUA e dos seus aliados".

O País comunista intensificou o seu programa de armas sancionadas pela ONU este ano e lançou o seu primeiro míssil balístico de combustível sólido este mês, um avanço para os militares norte-coreanos. Foram cerca de 100 mísseis testados desde o início do ano passado, em nome da resposta ao treino militar dos EUA com a Coreia do Sul.

Muitos especialistas dizem que o líder norte-coreano, Kim Jong Un, provavelmente usa os exercícios militares dos seus rivais como pretexto para fazer avançar os seus programas de armamento, cimentar a sua liderança interna e ser reconhecido como um Estado nuclear legítimo para obter o levantamento das sanções internacionais contra o Norte.

A Coreia do Norte foi atingida com 11 rondas de sanções da ONU devido aos seus testes nucleares e de mísseis balísticos proibidos no passado pelas resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Kim disse anteriormente que essas sanções "sufocam" a economia da Coreia do Norte.

A ONU, Seul e Washington criticaram estes testes e os chefes da diplomacia do G-7 apelaram esta semana ao "abandono completo, verificável e irreversível das armas nucleares" por parte do Norte.

Contudo, Choe Son Hui, considerou o comunicado "extremamente intervencionista" e acusou o G-7 de "maliciosamente arrancar" à Coreia do Norte "o exercício legítimo da soberania".

Desde que Seul e Washington começaram a realizar as suas manobras de primavera em março com a presença de meios estratégicos dos EUA, tais como porta-aviões e bombardeiros, Pyongyang respondeu com uma dúzia de testes de armas, incluindo o lançamento do míssil balístico no dia 13 de abril.

"Os EUA devem ter presente que a sua segurança só pode ser garantida quando eliminar a sua política hostil em relação à RPDC", acrescentou Choe, concluindo que o estatuto do país como "potência nuclear de classe mundial é final e irreversível".

Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares

O tratado procurou impedir a disseminação de armas nucleares para além das cinco potências armadas originais - EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França. O documento exige que as nações não-nucleares signatárias não persigam armas atômicas em troca de um compromisso das cinco potências no sentido do desarmamento nuclear e de garantir o acesso dos Estados não nucleares à tecnologia nuclear pacífica para a produção de energia.

Choe Son-hui também disse que a posição do Norte como um estado de armas nucleares "permanecerá como uma realidade inegável e crua". Ela disse que a Coreia do Norte está livre de qualquer das obrigações do tratado porque se retirou do tratado há 20 anos atrás.

A Coreia do Norte aderiu ao TNP em 1985, mas anunciou a sua retirada do tratado em 2003, citando aquilo a que chamou a agressão dos EUA. Desde 2006, a Coreia do Norte realizou seis testes nucleares e uma série de outros testes de armas para desenvolver mísseis com pontas nucleares concebidos para atacar os EUA e a Coreia do Sul.

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul disse mais tarde, na sexta-feira, que a Coreia do Norte tem de parar as suas ameaças contra os seus vizinhos e prestar atenção às preocupações internacionais sobre os seus programas nucleares e de mísseis "imprudentes". O porta-voz adjunto, Lee Hyojung, disse aos jornalistas que a Coreia do Norte não pode ganhar o que quer do seu programa nuclear, pelo que não deve insistir num "caminho errado".

Kim afirmou no início desta semana que o seu país construiu o seu primeiro satélite espião militar que será lançado numa data não especificada. Na semana passada, a Coreia do Norte testou, pela primeira vez, um míssil balístico intercontinental de combustível sólido.

Espera-se que a Coreia do Norte realize mais testes de armas à medida que os Estados Unidos e a Coreia do Sul continuarem o seu exercício aéreo conjunto até à próxima semana. (Com agências internacionais).

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