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Convenção democrata: Chicago teme onda de protestos durante evento nos próximos dias

Polícia tem limitado os planos dos manifestantes e caso foi parar na Justiça

Palco da Convenção Democrata, em Chicago (Brandon Bell/AFP)

Palco da Convenção Democrata, em Chicago (Brandon Bell/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 16 de agosto de 2024 às 14h25.

Última atualização em 16 de agosto de 2024 às 16h14.

Chicago - Os democratas realizam sua Convenção Nacional na próxima semana em Chicago, para sacramentar a candidatura de Kamala Harris à Presidência, em meio ao temor de grandes protestos.

A cidade terá um esquema de segurança reforçado durante o evento, que será realizado de segunda, 19, a quinta, 22, no United Center, na zona oeste de Chicago. A arena é também a sede do time de basquete Chicago Bulls.

Chicago recebe muitos turistas em agosto, por conta do verão, e as ruas estão cheias de pessoas vindas de várias partes do mundo nestes dias. Ao mesmo tempo, os bloqueios em algumas ruas começam a ser implantados e a presença policial vai ficando mais ostensiva à medida que a Convenção se aproxima.

O governo de Joe Biden e da vice, Kamala, que agora disputa a Presidência, tem sido alvo de críticas por sua atuação no Oriente Médio. Biden é aliado de Israel e fornece armas para o país, que realiza uma invasão na faixa de Gaza há meses, depois de ser alvo de um ataque terrorista do Hamas, em outubro passado.

Ativistas que defendem a Palestina pedem o fim do apoio a Israel. Eles têm marcado presença em vários eventos de campanha democratas, e planejam protestos em Chicago durante a Convenção.

Além disso, há uma série de outros grupos que marcaram protestos, com críticas à brutalidade policial e defesa de direitos reprodutivos e das pessoas LGBT. Uma lista divulgada pelo jornal Chcago Sun Times mostra que já atos convocados a partir de domingo e grandes marchas previstas para segunda, quarta e quinta-feira.

O governo local, no entanto, tem dificultado os planos.

A polícia negou autorização para que os manifestantes montassem palcos e usem um sistema de som mais potente perto do local do evento. Assim, eles terão de fazer marchas, em um trajeto determinado, e usar apenas um palco para protestos, que será montado pela prefeitura.

Além disso, há debate sobre qual será a rota feita pelas marchas, que deve se aproximar do perímetro de segurança do local do evento, o United Center.

A polícia disse, em entrevistas coletivas, que não tolerará excessos nos protestos, como bloqueios de ruas ou vandalismo, o que aumentou o temor de uma repressão violenta, embora os agentes digam estarem preparados para atuar de forma adequada.

O caso foi parar na Justiça, pois os manifestantes apontam que a Primeira Emenda da Constituição americana garante a liberdade de expressão. Na manhã de sexta, os dois lados debatiam um acordo nos bastidores, segundo o jornal Chicago Tribune.

Convenção democrata de 1968

Chicago recebeu uma convenção democrata em 1968, que ficou marcada como uma das mais caóticas e violentas já realizadas.

Naquele ano, a prefeitura de Chicago proibiu protestos "anti-patrióticos". Mesmo assim, mais de 10 mil ativistas contrários à guerra do Vietnã foram para a cidade. Líderes de um grupo falaram que iriam jogar LSD na rede de abastecimento de água da Convenção, para que os delegados ficassem chapados durante o evento.

Os primeiros dias foram marcados pela tensão entre ativistas, que se concentravam no Grant Park, e a polícia. No dia 28, uma confusão estourou depois que um manifestante baixou a bandeira dos EUA que estava no parque. Um policial foi até ele e o espancou, gerando uma reação dos manifestantes, que escalou para uma repressão dura, com bombas de gás lacrimogêneo, policiais batendo nos ativistas e muitas prisões.

Depois disso, um grupo de ativistas resolveu marchar em direção ao hotel Hilton, onde muitos delegados estavam hospedados. A policia reagiu duramente, e a ação foi mostrada ao vivo pela TV para todo o país, o que reforçou a imagem de que a polícia de Chicago era violenta. Houve também saques e depredação na cidade.

Em 1968, os EUA viviam o auge de uma onda de protestos pelos direitos civis para negros e pelo fim da Guerra do Vietnã. Naquele ano, Martin Luther King, líder da luta por direitos para os negros, foi assassinado a tiros, assim como Robert Kennedy, candidato democrata à Presidência, morto semanas antes da convenção.

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