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Controle de capitais é questão técnica, segundo FMI

O economista-chefe do fundo defendeu que a medida deve ser utilizada como parte das ferramentas de uma política econômica

Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI: cada país deve aplicar o controle de capitais de uma forma (Getty Images)

Olivier Blanchard, economista-chefe do FMI: cada país deve aplicar o controle de capitais de uma forma (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 27 de maio de 2011 às 16h43.

Rio de Janeiro - O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, afirmou hoje, em entrevista, que o uso de medidas de controle de capitais é uma questão técnica e não ideológica e que deve ser tratada com pragmatismo. Segundo ele, o controle de capitais deve ser parte da caixa de ferramentas de política econômica, composta por cinco itens: política fiscal, monetária, aumento de reservas, medidas macroprudenciais e controle de capital.

Blanchard explicou que o recurso do controle de capitais deve ser considerado levando em conta a situação inicial de cada país. "Não tem uma moldura única", disse. Ele explicou que às vezes o fluxo de capital chega em momentos nos quais a situação macroeconômica não está ajustada e que o uso do controle não resolve sozinho. Mas o economista admitiu que é possível usar o controle de capitais no momento inicial, ainda com a macroeconomia não ajustada, mas sem abrir mão do uso dos demais instrumentos que integram o cardápio.

O secretário de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Carlos Cozendey, afirmou que o fluxo de capitais para o Brasil é uma novidade com a qual o País terá que aprender a lidar. "Há elementos de longo prazo, que é a melhor posição hoje dos países emergentes. Há uma redução na percepção de risco dos países emergentes e aumento de percepção de risco em relação a alguns dos países desenvolvidos. A situação fiscal em alguns países é complicada, vai ficar complicada ainda durante algum tempo, a gente teve problemas na Europa", explicou Cozendey.

Ele lembrou que, no passado, a economia brasileira sofria com a falta de capitais e, por isso, medidas eram adotadas para segurar o dinheiro estrangeiro, enquanto agora busca-se conter os excessos, ainda que não haja "números mágicos" sobre isso. "A gente está com políticas para evitar que entre dinheiro muito rapidamente, em excesso. Agora, o objetivo não é impedir a entrada. É benéfica a entrada de capital no Brasil. O objetivo dessas políticas é evitar que haja um impacto negativo sobre a situação de sustentabilidade na área financeira, principalmente, e também sobre a inflação", disse.

Cozendey e Blanchard participaram e fizeram o encerramento do seminário sobre fluxos de capitais para países emergentes, promovido pelo Ministério da Fazenda e pelo FMI, encerrado hoje.

Pressão

A pressão da entrada de capitais no Brasil deve ser reduzida quando as economias dos Estados Unidos e Europa estiverem recuperadas da crise. Mesmo assim, o fluxo deve continuar intenso no País no longo prazo, segundo Carlos Cozendey.

"Quando as políticas expansionistas forem reduzidas, isso a gente não tem um horizonte claro ainda de quando vai acontecer, uma parte dessa pressão será reduzida. Mas existe uma tendência aí em termos de longo prazo, aparentemente, de pressão nesse sentido", afirmou ele.

O secretário disse que não há evidências de que a política de recompra de títulos do Tesouro americano pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) tenha gerado a fuga de capitais para o Brasil, mas que é provável que o aumento repentino do fluxo no País seja uma consequência da política americana.

"Num país (os EUA) que não tem controle de saída de capital, é difícil pensar que não houve uma fuga de capital para mercados e aplicações, como commodities, mais rentáveis naquele momento. Acho que não tem uma estimativa conclusiva que se possa fazer, mas é difícil pensar que uma intervenção deste tamanho, com o impacto que se vê dentro dos EUA, não resultou em algum tipo de fuga para aplicações melhores fora dos EUA", avaliou Cozendey.

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