Soldados ucranianos nas proximidades da cidade de Bakhmut, leste do país (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 16 de julho de 2023 às 13h22.
A Ucrânia admitiu, neste domingo, 16, que está em uma posição defensiva na frente de batalha no leste do país diante das tropas de Moscou, enquanto o presidente russo Vladimir Putin afirmou que a contraofensiva da Ucrânia "não teve sucesso".
"Durante dois dias seguidos, o inimigo atacou ativamente a área de Kupiansk, na província de Kharkiv. Estamos nos defendendo", disse a vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Maliar.
Ela citou "batalhas violentas" e indicou que as posições "mudam várias vezes ao dia". Kiev já havia reconhecido que a contraofensiva enfrenta dificuldades e pediu aos aliados ocidentais que forneçam mais armas de longo alcance.
A vice-ministra da Defesa, no entanto, insistiu que as forças ucranianas "avançam gradualmente na região de Bakhmut", uma cidade capturada em maio pela Rússia.
Bakhmut tinha mais de 70.000 habitantes antes da ofensiva russa e foi destruída na batalha mais longa e violenta desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.
"Em Bakhmut, bombardeamos o inimigo e o inimigo nos bombardeia", afirmou Hanna Maliar.
Ao mesmo tempo, Putin afirmou que a contraofensiva do Exército ucraniano, que tem o objetivo de recuperar os territórios ocupados por Moscou no leste e no sul do país, não tem sucesso.
"Todas as tentativas do inimigo de romper nossas defesas [...] não tiveram sucesso desde que a ofensiva começou. O inimigo não teve sucesso", declarou Putin em uma entrevista ao canal Rossiya-1 exibida neste domingo.
O chefe de Estado também considerou que situação é "positiva" para as forças russas.
"Nossas tropas estão atuando de forma heroica. E, de maneira inesperada para o adversário, elas estão inclusive passando à ofensiva em certos setores e capturando posições mais vantajosas", disse.
A Ucrânia iniciou sua aguardada contraofensiva no mês passado, depois de acumular armas fornecidas pelo Ocidente e reforçar suas capacidades de ataque.
A contraofensiva de Kiev avança de maneira lenta diante de tropas russas que tiveram tempo de estabelecer defesas sólidas, incluindo campos repletos de minas, e que ainda possuem um poder de fogo significativo para atacar as forças ucranianas.
Neste domingo, o Estado-Maior ucraniano anunciou operações de ataque em curso na direção de Melitopol e Berdiansk, duas cidades ocupadas pela Rússia no sul da Ucrânia.
Durante a semana, o Ministério da Defesa russo anunciou que as tropas do país conseguiram avançar 1,5 quilômetro em um setor da frente de batalha próximo de Lyman, na província de Donetsk, leste da Ucrânia.
O acordo sobre a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro expira à meia-noite de segunda-feira no horário de Istambul (18h00 de Brasília).
Assinado em julho de 2022 na cidade turca, com mediação de Ancara e da ONU, e prorrogado diversas vezes desde então, o acordo permitiu a exportação de quase 33 milhões de toneladas de cereais nos últimos 12 meses, apesar do conflito.
Leia mais: ONU: preço de alimentos terá novo pico se Rússia não renovar acordo de exportação com Ucrânia
Na sexta-feira, 14, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, mediador entre Kiev e Moscou, afirmou que Putin "concordava" com uma nova extensão do acordo, fundamental para garantir o abastecimento de cereais ao redor do mundo.
Mas o Kremlin não confirmou a declaração.
Em uma conversa telefônica no sábado, 15, com o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, Putin disse que "as obrigações estabelecidas no memorando entre Rússia e ONU sobre a retirada dos obstáculos para a exportação de alimentos e fertilizantes russos ainda não foram cumpridas", informou o Kremlin.
Esta é uma exigência apresentada de maneira reiterada por Moscou como contrapartida à exportação de grãos dos portos ucranianos através de um corredor seguro no Mar Negro.
"O principal objetivo do acordo, a entrega de grãos aos países em necessidade, em particular no continente africano, não foi alcançado", acrescentou Putin, segundo o comunicado divulgado pela presidência russa.
Com a meta de conter a inflação e a insegurança alimentar em países vulneráveis, o acordo beneficiou 45 países importadores, com a China em primeiro lugar (7,75 milhões de toneladas), seguida por Espanha (5,6 Mt) e Turquia (3,1 Mt), informou o centro de coordenação dos quatro signatários do pacto, com sede em Istambul.
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