Obama faz pronunciamento sobre risco de default (Getty Images / Scott Olson)
Da Redação
Publicado em 26 de julho de 2011 às 19h53.
Washington - Enquanto a contagem regressiva para a declaração de moratória dos Estados Unidos prossegue sem que nenhum dos dois grupos faça concessões, a Casa Branca ameaçou nesta terça-feira vetar um plano republicano a uma semana da data limite do dia 2 de agosto.
Pouco depois que o presidente da Câmara de Representantes, o republicano John Boehner, anunciou sua intenção de submeter à votação seu plano para elevar o teto da dívida em duas fases, o Escritório de Gestão e Orçamentos da Casa Branca (OMB, na sigla em inglês) emitiu um comunicado no qual advertia sobre o veto presidencial.
Na noite de segunda-feira, o presidente Barack Obama reconheceu em discurso à nação que as negociações estavam "bloqueadas" e alertou para uma "profunda" crise econômica se não houver acordo entre republicanos e democratas para aumentar o limite da dívida, atualmente em US$ 14,3 trilhões.
Boehner respondeu que em nenhum caso entregaria um "cheque em branco" para Obama, que insiste em um plano de longo prazo que dissipe a incerteza econômica sobre os EUA, perante a ameaça da primeira moratória do país em sua história recente.
O líder republicano classificou o plano democrata lançado pelo Senado, de maioria democrata e respaldado por Obama, que prevê a redução de US$ 3 trilhões em uma década e que elevaria o teto da dívida até 2013, como uma proposta "de efeito".
Obama apelou aos americanos que pressionassem seus congressistas para apoiar um "acordo equilibrado e responsável" sobre a redução do déficit e que permita a elevação da dívida.
Na manhã desta terça-feira, a central telefônica e os sites do Capitólio dos EUA amanheceram no limite da sua capacidade devido à avalanche de consultas por parte de cidadãos, segundo fontes do Congresso.
A atenção da opinião pública americana foi aumentando nas últimas semanas após observar como os congressistas se mostram incapazes de pactuar um acordo bipartidário, algo que havia conseguido previamente em outras ocasiões.
Segundo a última enquete do Centro de Pesquisa Pew, 68% dos americanos afirmam que os legisladores deveriam pactuar um acordo, comparado os 55% que diziam o mesmo em abril.
Apesar dos mercados estarem reagindo com calma perante a possibilidade de os EUA declararem moratória, os primeiros sinais de inquietação começaram a ser vistos, como o enfraquecimento do dólar e a tendência de baixa em Wall Street nos últimos dias.
Por sua parte, a nova diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pediu nesta terça-feira aos políticos americanos que alcancem um acordo para "evitar sérios contágios ao resto do mundo".
"No teto da dívida, o relógio está soando, e é claramente um tema que deve ser resolvido imediatamente", afirmou Lagarde em Nova York.
Uma revisão da qualificação da dívida ou uma moratória seria "um acontecimento muito, muito grave, não só para os EUA, mas para o conjunto da economia mundial", acrescentou a responsável pelo FMI.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, reiterou em várias ocasiões a impossibilidade de uma prorrogação após considerar que, se o Congresso não permitir a elevação do teto da dívida, o Governo federal ficará sem fundos para cumprir suas obrigações.
Diversas agências de qualificação de crédito, como Moody's e Standard & Poor, já anunciaram que sem um acordo rebaixariam a classificação da dívida americana, o que previsivelmente provocaria a alta das taxas de juros e mais pressão sobre a frágil recuperação econômica.