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Conte apresenta sua política "populista" ao Senado da Itália

Coalizão M5S-Liga é apertada no Senado, mas projeto de governo de Conte não deverá enfrentar problemas para ser aprovado

Novo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, apresenta proposta de governo no Senado (Alessandro Bianchi/Reuters)

Novo primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, apresenta proposta de governo no Senado (Alessandro Bianchi/Reuters)

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AFP

Publicado em 5 de junho de 2018 às 12h35.

Última atualização em 6 de junho de 2018 às 10h06.

O novo chefe de governo italiano, Giuseppe Conte, defendeu nesta terça-feira (5) com ardor no Senado a política "populista" que colocará em prática: luta contra o "negócio" da imigração, reativar o crescimento e a abertura para a Rússia.

"Se populismo significa ser capaz de ouvir as necessidades do povo, então nós o reivindicamos", afirmou Conte, que desde sexta-feira lidera o primeiro governo populista em um país fundador da União Europeia (UE).

Novato em política, desconhecido para os italianos até duas semanas atrás, este advogado de 53 anos enfrentou com convicção o hemiciclo do Senado, onde fez seu primeiro discurso de política geral, antes de pedir a confiança do Parlamento.

Acompanhado por seus dois vice-primeiros-ministros, Luigi di Maio, líder do Movimento Cinco Estrelas (M5S, antissistema) e Matteo Salvini, da Liga (extrema-direita), Conte anunciou desde o princípio que será o "garantidor" do "contrato de governo" assinado entre esses dois representantes da maioria.

"Sou um cidadão que se declarou disposto a assumir esta responsabilidade de presidente do Conselho e a ser garantidor do contrato de mudança" declarou, em meio a muitos observadores que questionam sua autonomia.

"Estou consciente da responsabilidade que assumi e bem consciente das prerrogativas que a Constituição atribui ao presidente do Conselho".

Sem surpresa, Conte confirmou os objetivos contidos no "contrato" de governo: redução dos impostos, luta contra a imigração clandestina, salário-cidadão e a revisão de certas regras europeias, começando com o direito de refúgio previsto no acordo de Dublin.

'Crise migratória'

Durante o discurso, Conte insistiu em um sistema "automático" e "obrigatório" de repartição dos solicitantes de refúgio na Europa.

"Colocaremos fim ao 'negócio' da imigração, que aumentou descontroladamente sob pretexto de uma falsa solidariedade", afirmou, retomando a tese de Salvini, também ministro do Interior.

Em relação aos assuntos europeus, Conte afirmou que a colossal dívida italiana deve ser reduzida, favorecendo a criação de emprego, e não com medidas de austeridade, conforme os compromissos do M5S, e da Liga.

Ele não deu detalhes sobre o financiamento das medidas previstas no "contrato de governo", que poderiam representar alguns milhões de euros. Embora tenha confirmado a vontade do governo de instaurar uma "flat tax", imposto de 15% e 20%, não deu nenhuma data para sua implementação e do salário-cidadão.

O chefe de governo reafirmou o pertencimento da Itália à UE e sua vontade de abertura em relação à Rússia, embora tenha reforçado a adesão de seu país à Otan.

"A Europa é a nossa casa", disse Conte, acrescentando que quer uma "Europa mais forte, mas também mais justa".

"Seremos os promotores de uma revisão do sistema de sanções", disse aos senadores, 24 horas depois que o presidente russo, Vladimir Putin, desmentiu qualquer intenção de "desestabilizar ou dividir" a UE.

O voto de confiança acontecerá no Senado no final da tarde e na Câmara dos Deputados na quarta-feira. A Casa receberá uma cópia do discurso de Conte, que deverá viajar para o Canadá para a primeira cúpula do G7. Lá ele se reúne com seus colegas ocidentais.

No Senado, a coalizão M5S-Liga é bastante apertada (167 de 320), mas provavelmente contará com a abstenção dos 18 senadores do Fratelli d'Italia (FdI, extrema-direita), motivo pelo qual não teria problemas para chegar a seu objetivo. Na Câmara dos Deputados, a maioria é mais ampla, com uma vantagem de 30 cadeiras.

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