Glenn Greenwald, jornalista que publicou as revelações de Edward Snowden: mais denúncias deverão surgir (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2013 às 21h22.
Denver - O jornalista Glenn Greenwald, principal contato do ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA), Edward Snowden, garantiu nesta segunda-feira que ainda restam muitas "bombas" a publicar, relacionadas com as atividades de espionagem dos Estados Unidos na América Latina.
"Resta muito para sair (à luz), inclusive dados separados país por país: de Argentina, Venezuela, Canadá... De todos os países do continente", disse Greenwald em um discurso via conferência telefônica na assembleia semestral da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).
"A NSA realiza muitas atividades de espionagem na América Latina, sobre sua atividade econômica e seus governos", assegurou o jornalista aos presentes na assembleia, realizada desde a sexta-feira passada em Denver (Colorado).
Em sua conta oficial no Twitter, Greenwald indicou hoje, além disso, que "muito em breve" haverá revelações sobre a espionagem americana na Espanha, após as publicadas pelo jornal "Le Monde" sobre a França.
Em seu discurso perante a SIP, afirmou que "a maioria" dos arquivos que Snowden levou consigo em sua fuga dos EUA a Hong Kong, e depois à Rússia, "estão ainda sem publicar", e previu que serão revelados em breve.
"Posso prometer, absolutamente, que haverá muitas mais notícias pelo menos tão significativas como as que já saíram", disse o jornalista, que antecipou que muitas delas tratarão da espionagem interna "dos Estados Unidos a americanos".
Segundo Greenwald, há "múltiplas cópias" de cada arquivo distribuídas "por todo o mundo", e só têm acesso a elas "um punhado de gente" proibida de revelar sua localização, em um sistema que não permite "que ninguém possa destruí-las".
"Não há nada que nenhum governo possa fazer para evitar que informemos sobre isso", garantiu.
Além disso, Greenwald denunciou que o governo do Reino Unido "acossou" o jornal no qual trabalhava, o britânico "The Guardian", o que "desacelerou o processo de publicação", e lamentou de novo que seu parceiro, o brasileiro David Miranda, tenha sido detido durante horas no aeroporto de Londres quando tentava deixar o país.
"O governo do Reino Unido funciona sem limites em sua capacidade de castigar e desalentar o jornalismo", considerou.
Por fim, assegurou sentir-se "seguro" no Brasil, onde vive, por ser um país que "entende o valor do jornalismo" que ele está fazendo "e a necessidade de proteger os jornalistas", e pela campanha empreendida pelo governo de Dilma Rousseff para denunciar as atividades de espionagem dos EUA.