Mundo

Consumo exagerado é grande questão ambiental

Geógrafo da USP diz que é necessário mudar hábitos para que a tensão não vire conflito

O estudo da WWF estima que utilizamos, todos os anos, 50% a mais dos recursos naturais que o planeta pode oferecer (Getty Images)

O estudo da WWF estima que utilizamos, todos os anos, 50% a mais dos recursos naturais que o planeta pode oferecer (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2012 às 15h56.

São Paulo - Se os padrões atuais de consumo e de exploração de recursos naturais se manterem, precisaremos de, pelo menos, mais um planeta igual para viver. Isto é o que diz o relatório Planeta Vivo 2012 – A caminho da Rio+20, divulgado em maio pela ONG WWF.

Para o geógrafo Wagner Costa Ribeiro, professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (PROCAM) da Universidade de São Paulo (USP), é necessário desacelerar o consumo exagerado e contínuo, além de repor a base material da reprodução da vida e a matéria-prima.

O estudo da WWF estima que utilizamos, todos os anos, 50% a mais dos recursos naturais que o planeta pode oferecer.

“O nosso planeta e o nosso mundo estão vivendo hoje o melhor dos tempos e o pior dos tempos. O mundo vive uma prosperidade inédita, enquanto o planeta está sob uma pressão sem precedentes”, diz o início do relatório Povos Resilientes, Planeta Resiliente – Um Futuro Digno de Escolha, do Painel de Alto Nível do Secretário-Geral das Nações Unidas, divulgado em maio.

“No século 21, deve ser feito um esforço para corrigir a degradação ambiental do século 20”, disse durante coletiva de imprensa no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. E completou: “As principais metas para a Rio+20 devem ser água limpa, solo adequado e a diminuição do consumo.”


Em outubro do ano passado, passamos a somar 7 bilhões de seres humanos dividindo espaço, recursos e alimentos no planeta. O Relatório sobre a situação da população mundial 2011 – Pessoas e possibilidades de um mundo de 7 bilhões, do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA), mostra a importância de mudar hábitos e de racionalizar a forma como vivemos.

“O problema ambiental não está no crescimento populacional, mas no estilo de vida consumista exagerado”, afirmou Ribeiro. E completou: “O aumento de renda e de urbanização gera maior consumo.”

Produção de alimentos

Com o objetivo de apontar os desafios da humanidade e caminhos possíveis em um mundo em que quase um bilhão de pessoas passam fome enquanto um terço dos alimentos é desperdiçado, o relatório anual Estado do Mundo de 2011 - Inovações que Nutrem o Planeta, do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente e do Worldwatch Insitute (WWI) mostra um panorama sobre as inovações aplicadas na agricultura que garantem a sustentabilidade na produção de alimentos, tais como a forma de ter mais safra gastando menos água, a proteção da biodiversidade dos alimentos locais e como contornar a crise de fertilidade do solo.

“O uso exagerado de agrotóxicos – proibidos em outros países – na produção de alimentos na Amazônia acarreta na morte de trabalhadores, em problemas gastrointestinais, além da contaminação da água e do solo”, disse o professor Wagner Ribeiro.

Para o geógrafo, a região amazônica se destaca no mundo contemporâneo porque tem muita gente que vive diferente dos padrões de vida que temos no Sudeste. “Vende-se a Amazônia como um vazio demográfico, mas tem sociodiversidade, um fator determinante para a conservação da biodiversidade”, disse.

Acompanhe tudo sobre:ConsumoGeografiaGeógrafosMeio ambienteSustentabilidade

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'