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Consultas de paz sobre Iêmen acabam sem conseguir acordo

Desde terça-feira passada se realizou em Genebra a primeira rodada de consultas de paz entre o governo iemenita no exílio e os rebeldes houthis (xiitas)


	O mediador não quis assinalar culpados pelo fracasso desta primeira rodada e se limitou a dizer que em tempos de guerra é muito difícil conseguir acordos
 (Taha Saleh/AFP)

O mediador não quis assinalar culpados pelo fracasso desta primeira rodada e se limitou a dizer que em tempos de guerra é muito difícil conseguir acordos (Taha Saleh/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2015 às 14h53.

Genebra - As consultas de paz sobre o conflito no Iêmen que aconteceram esta semana em Genebra terminaram sem conseguir uma cessação das hostilidades, confirmou nesta sexta-feira o enviado especial da ONU para esse país, Ismail Ould Sheikh Ahmed.

"Acho que há acordo nas duas partes sobre a importância de conseguir uma trégua. No entanto, são necessárias mais consultas para conseguir um acordo", disse o mediador em entrevista coletiva.

Desde terça-feira passada se realizou em Genebra a primeira rodada de consultas de paz entre o governo iemenita no exílio e os rebeldes houthis (xiitas) que após uma ofensiva em setembro do ano passado, controlam atualmente grande parte do país, incluindo a capital, Sana.

Ahmed explicou que imediatamente viajará para Nova York para expor a situação ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao Conselho de Segurança, mas que vai continuar mantendo à distância o diálogo com as partes em conflito para conseguir uma trégua.

Ele vai conversar com as partes "nos próximos dias" para poder fechar um acordo sobre tal trégua, cuja viabilidade condicionou à continuação do diálogo político.

"Acho que conseguir um acordo sobre a cessação das hostilidades deve ser uma das principais medidas de confiança entre as duas partes que permita organizar uma nova rodada de consultas", declarou Ahmed.

O mediador não quis assinalar culpados pelo fracasso desta primeira rodada e se limitou a dizer que em tempos de guerra é muito difícil conseguir acordos.

"O que é preciso destacar é que apesar do conflito e das árduas batalhas que se vivem atualmente no Iêmen, as duas partes conseguiram vir a Genebra e participar do diálogo".

"Sempre disse que estas consultas eram preliminares e que lhe seguiriam outras. Quando se está em guerra, as posições sempre são muito firmes. Há muitos obstáculos e esperava que os houvesse. Falamos, conhecemos os pontos de vista das duas partes, suas propostas e sobre isso poderemos construir no futuro", acrescentou.

Dito isto, voltou a insistir na necessidade de conseguir uma cessação das hostilidades e na importância de que seja agora, durante o mês sagrado do Ramadã, não só porque as necessidades humanitárias são urgentes, mas pelo simbolismo que representa.

"É uma questão de tempo. Eu acho que com um pouco de otimismo podemos fechar um acordo nos próximos dias", insistiu.

Consultado sobre se acredita que a Arábia Saudita aceitará a cessação das hostilidades no caso de se fechar um acordo, o enviado especial respondeu afirmativamente.

"O acordo será fechado entre os iemenitas. Mas tenho certeza que se o governo do Iêmen estiver de acordo, a Arábia Saudita aceitará a trégua porque atuaram militarmente a pedido do governo (do presidente iemenita, Abdo Rabu Mansur) Hadi".

Após o exílio de Hadi em Riad, a Arábia Saudita organizou no final de março uma coalizão de países árabes que bombardeia o Iêmen desde então, o que causou 2.600 mortos - metade deles civis -, um milhão de deslocados e que 21 milhões de pessoas necessitem assistência humanitária urgente.

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