Copa do Mundo do Catar: as empresas têm “lucro da ordem dos 15 bilhões de euros", recrutando “cerca de 1,8 milhão de migrantes" (MARWAN NAAMAN/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2015 às 09h29.
A Confederação Internacional de Sindicatos (Ituc) acusou hoje (18) as empresas de construção estrangeiras que trabalham nas obras para o Mundial de Futebol do Catar de explorar os trabalhadores e reduzí-los a “escravos dos tempos modernos”.
Relatório da Ituc divulgado hoje (18), Dia Mundial dos Migrantes, diz que as empresas têm “lucro da ordem dos 15 bilhões de euros", recrutando “cerca de 1,8 milhão de migrantes, que são escravos modernos”.
A secretária-geral da Ituc, Sharan Burrow, afirma que os lucros “são favorecidos por níveis de salários assustadoramente baixos, muitas vezes baseados num sistema de discriminação racial”.
Ela acusou as construtoras de exporem os migrantes “a riscos elevados de acidentes de trabalho”.
Segundo o levantamento, “cerca de 7 mil trabalhadores poderão morrer no Catar, antes do início do Mundial de 2022”, mas não foram especificadas as prováveis causas das mortes.
Os projetos de construção referentes ao Mundial2022, com custos estimados em US$ 200 bilhões, têm atraído construtoras estrangeiras que, de acordo com o relatório, pagam salários próximos de US$ 1,5 dólar por hora, baseando-se no sistema kafala.
Esses sistema, que as autoridades do Catar já manifestaram a intenção de alterar, permite aos empregadores confiscar os passaportes dos trabalhadores, impedindo que os migrantes mudem de emprego ou saiam do país.
No levantamento, a Ituc pede às autoridades que alterem o sistema e apela por uma intervenção da Federação Internacional de Futebol (Fifa) em “defesa dos direitos dos trabalhadores”.