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Construção de reator nuclear no espaço é prioridade para a Rússia, diz Putin

Estação espacial russa está trabalhando em parceria com a China para a construção de uma unidade nuclear na Lua

Vladimir Putin, presidente da Rússia (Mikhail Klimentyev/Getty Images)

Vladimir Putin, presidente da Rússia (Mikhail Klimentyev/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 14 de março de 2024 às 18h30.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse em uma reunião do Kremlin nesta quinta-feira que a construção de um reator nuclear no espaço é uma prioridade para o país, indicando que injetará recursos para financiar o projeto, segundo informações da agência de notícias estatal russa Tass.

— Parece que todos nós estamos acostumados com o fato de que temos competências que outros países não possuem, mas precisamos dar atenção especial a elas para que se desenvolvam e possam ser usadas no futuro para resolver as tarefas que podem e devem ser resolvidas com a ajuda dessas tecnologias — disse o líder russo, citando a instalação do reator nuclear como exemplo. — Precisamos financiá-la em tempo hábil. Só precisamos definir prioridades, há questões que exigem atenção adicional.

Na semana passada, o chefe da agência espacial russa Roscosmos, Yuri Borisov, confirmou que a Rússia e a China estão trabalhando em conjunto para construir um reator nuclear na Lua. Em março de 2021, o país assinou um acordo de cooperação com a Administração Espacial Nacional da China para a instalação de uma Estação Internacional de Pesquisa Lunar.

— Hoje, estamos considerando seriamente um projeto para levar à Lua e montar um reator de energia lá, juntamente com nossos parceiros chineses, em algum momento entre 2033 e 2035 — disse Borisov no início deste mês.

Em fevereiro, autoridades americanas alertaram que a Rússia estaria desenvolvendo uma arma de capacidade nuclear no espaço com o objetivo de atacar satélites comerciais e governamentais dos EUA, que classificaram o caso como uma "séria ameaça à segurança nacional".

Conhecida como PEM nuclear, a arma funcionaria a partir da criação de um pulso de energia eletromagnética com partículas capazes de atravessar o espaço e destruir satélites que orbitam a Terra. Segundo os funcionários do governo americano, ela ainda estaria em desenvolvimento, mas poderia ter um impacto inimaginável na vida humana no planeta.

Na ocasião, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, ironizou a acusação, afirmando se tratar de uma clara tentativa da Casa Branca para incentivar o Congresso a aprovar o pacote bilionário de ajuda à Ucrânia na guerra.

— É óbvio que a Casa Branca está tentando, por bem ou por mal, incentivar o Congresso a votar em um projeto de lei para alocar dinheiro, isso é óbvio — disse Peskov, se recusando a comentar até que o governo americano apresentasse detalhes da ameaça. — Veremos quais truques a Casa Branca usará.

Maiores potências nucleares do planeta, Rússia e Estados Unidos detêm cerca de 90% do arsenal nuclear do mundo. Ambos os países têm satélites militares em órbita na Terra que carregam milhares de dados essenciais para operações de inteligência, navegação e militares, entre outras coisas.

Às vésperas das eleições presidenciais na Rússia, Putin tem intensificado sua retórica nuclear como forma de impulsionar sua imagem internamente — muito associada à figura de um homem forte contra o Ocidente. Na quinta-feira, o chefe de Estado afirmou que as armas nucleares russas são mais modernas que as dos EUA, destacando que seu arsenal está sempre "preparado" para uma guerra nuclear.

— Nossa tríade, a tríade nuclear, é mais moderna que qualquer outra tríade. Apenas nós e os americanos temos estas tríades. E nós avançamos muito mais aqui — afirmou Putin, em referência às três formas de lançar armas nucleares: por terra, mar e ar.

Apesar de frisar que o país está "preparado" para um conflito nuclear, Putin afirmou que não pensa em usar esse tipo de armamento na Ucrânia.

— Por que deveríamos utilizar meios de destruição em massa? Nunca houve tal necessidade — declarou, antes de destacar que a doutrina militar russa prevê o uso de armas do tipo apenas se a existência da Rússia estiver ameaçada ou no caso de "um ataque à nossa soberania e independência".

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