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Venezuela amanhece manchada de sangue

Ao menos 14 pessoas, de acordo com o Ministério Público do país, morreram em protestos realizados contra as eleições para a Assembleia Constituinte

Caracas: protestos marcam dia de eleições na Venezuela; ao menos 14 pessoas foram mortas nas manifestações (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Caracas: protestos marcam dia de eleições na Venezuela; ao menos 14 pessoas foram mortas nas manifestações (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 31 de julho de 2017 às 05h42.

Última atualização em 31 de julho de 2017 às 07h51.

A Venezuela amanhece nesta segunda-feira pós-eleições manchada de sangue. Ao menos 14 pessoas, de acordo com o Ministério Público do país, morreram em protestos realizados no domingo, ao se manifestarem contra as eleições para a Assembleia Constituinte convocada pelo presidente Nicolás Maduro. O Conselho Nacional Eleitoral do país anunciou na madrugada que 8.089.320 pessoas compareceram às urnas, cerca de 40% do total de 19,5 milhões eleitores venezuelanos.

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O número divulgado pelo órgão oficial ajuda o governo no discurso de que o processo movido para alterar a Constituição do país é legítimo, mesmo que tenha sido convocado sem passar pelo referendo previsto em lei, uma vez que é superior aos 7,5 milhões que a oposição conseguiu reunir em plebiscito simbólico realizado no último dia 17. Observadores independentes afirmam que o número de votantes, porém, está mais perto de 2,5 milhões, número corroborado pela falta de filas ao longo de todo o domingo nas seções eleitorais.

O vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, no poder), Diosdalo Cabello, anunciou em coletiva de imprensa que a Assembleia Constituinte será empossada num prazo de 24 a 72 horas. Ou seja, tudo pode acontecer já nesta segunda-feira. Parte importante da estratégia chavista é resolver tudo o mais rápido possível.

No centro e em outras áreas de Caracas houve piquetes ao longo de todo o domingo e, no fim do dia, panelaços e buzinaços contra os números divulgados pelo governo. O cardeal Jorge Urosa, arcebispo da cidade, afirmou que a Igreja Católica está unanimemente contra a Constituinte, assim como a Organização dos Estados Americanos (OEA), e os governos do Brasil, da Colômbia, dos Estados Unidos e a União Europeia, que não reconheceram a eleição como legítima.

Nesta segunda-feira, de acordo com o jornal Wall Street Journal, o governo americano pode vir a anunciar sanções ao setor petrolífero venezuelano, e que está sendo debatida a possibilidade de proibir empresas americanas de investirem no setor de energia do país. A Venezuela importa petróleo leve dos Estados Unidos, para misturar ao petróleo pesado produzido internamente e, caso a sanção seja confirmada, será preciso recorrer a fontes como Argélia e Nigéria, a custos mais altos — o que pode agravar ainda mais a crise econômica em que está afundado o país. A oposição já confirmou mais protestos para esta segunda. A Constituinte de Maduro deve continuar causando estragos ao país.

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