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Conservadores surpreendem e vencem legislativas na Austrália

Com mais de metade das urnas apuradas, Scott Morrison deve se manter como primeiro-ministro do país

Austrália: premiê conservador contraria pesquisas e é reeleito (AAP Image/Mick Tsikas/Reuters)

Austrália: premiê conservador contraria pesquisas e é reeleito (AAP Image/Mick Tsikas/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de maio de 2019 às 12h40.

A coalizão conservadora do primeiro-ministro australiano Scott Morrison surpreendeu neste sábado (18) ao conquistar uma vitória "milagrosa" nas eleições legislativas, forçando o líder trabalhista Bill Shorten, apontado como favorito, a reconhecer sua derrota.

"Sempre acreditei em milagres. Como a Austrália é fantástica!", reagiu Scott Morrison a seus partidários em Sydney, saudando os "australianos silenciosos".

"Está claro que o Partido Trabalhista não será capaz de formar o próximo governo", lamentou, por sua vez, o candidato derrotado a seus partidários incrédulos em Melbourne. Ele anunciou que renunciaria como líder do partido e telefonou a seu rival de "parabenizá-lo".

A coalizão liderada pelo primeiro-ministro liberal-conservador e cético climático Scott Morrison já havia sido apontada como vitoriosa pela televisão pública ABC. O canal, no entanto, não informou se o novo governo será majoritário ou minoritário.

Estes resultados são uma grande surpresa, uma vez que todas as pesquisas apontavam Bill Shorten, sensível à questão ambiental, como vencedor.

Cerca de 17 milhões de eleitores foram chamados às urnas nesta ilha-continente onde o voto é obrigatório.

Os primeiros resultados mostram um eleitorado fraturado, com pequenos partidos populistas e de extrema direita capazes de desempenhar um papel importante no próximo governo. Como Clive Palmer, um milionário que lembra Donald Trump com seu slogan "Make Australia Great".

Para Anthony Ching, um simpatizante do campo liberal, os resultados são "incríveis": "Todos esperavam a nossa derrota".

O primeiro-ministro, que assumiu o poder em agosto depois de um "golpe" interno em seu partido, percorreu um percurso cheio de obstáculos.

Muitos de seus ministros se recusaram a se envolver na campanha, enquanto outros foram mantidos à distância para que não atrapalhassem.

Mas ele embarcou em uma campanha negativa e contou com o apoio da mídia conservadora do magnata Rupert Murdoch. Concentrou-se, sobretudo, no eleitorado mais velho e mais rico, preocupado com os projetos trabalhistas de suprimir várias brechas fiscais para financiar os gastos com educação, saúde e clima.

Para os trabalhista, o resultado cai como uma ducha fria. "Parte meu coração", disse Jango Rust, uma simpatizante de 19 anos, na sede da campanha trabalhista em Melbourne. Julie Nelson, de 67 anos, acusou o primeiro-ministro de "fazer campanha pelo medo".

Embora as pesquisas recentes tenham sugerido uma queda na diferença entre os dois candidatos, Bill Shorten, um ex-sindicalista, era dado como favorito para se tornar o sexto primeiro-ministro em uma década.

"Se o povo australiano votar pelo fim do caos e em favor da ação contra a mudança climática, estaremos prontos para começar a trabalhar amanhã", disse neste sábado em Melbourne.

Quanto a Morrison, ele adotou uma postura de cautela, depois de votar em Sydney: "Eu não aposto como certo nenhum apoio neste país".

- Clima em jogo -

O aquecimento global pesou muito na campanha, após um verão austral marcado por enchentes históricas e ondas de calor recordes que alimentaram incêndios florestais devastadores.

O Partido Trabalhista apostou em propostas para favorecer a energia renovável, enquanto os liberais se recusam a comprometer a economia do carvão.

Nas áreas rurais, os agricultores atingidos pela seca exigem ações, enquanto nas periferias ricas, os eleitores de centro-direita também estão se abrindo para a ecologia. Mas isso não foi suficiente para a oposição prevalecer.

Em Sydney, o ex-primeiro-ministro Tony Abbott - que no passado chamou o aquecimento global de "besteira absoluta" - perdeu o assento que ocupava há um quarto de século.

A campanha foi violenta, com candidatos agredidos e outros que jogaram a toalha depois de excessos racistas ou sexistas nas redes sociais.

Na sexta-feira, um homem de 62 anos foi preso acusado de enfiar um saca-rolhas na barriga de uma pessoa que usava faixas eleitorais.

O fim da campanha foi marcado pela morte na quinta-feira, aos 89 anos, do líder trabalhista Bob Hawke, que liderou o governo australiano de 1983 a 1991. Imensamente popular até sua morte, o ex-líder sindical tinha a cultura de consenso em vez de confronto.

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