Croácia: "Após anos sem perspectiva, devemos devolver aos cidadãos croatas a esperança e o otimismo", declarou Reiner (Antonio Bronic / Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2015 às 10h58.
Zagreb - O novo parlamento da Croácia foi constituído nesta segunda-feira pelos deputados eleitos em 8 de novembro, que elegeram como novo presidente da câmara o ex-ministro da Saúde, o conservador Zeljko Reiner.
"Após anos sem perspectiva, devemos devolver aos cidadãos croatas a esperança e o otimismo", declarou Reiner em seu discurso de inauguração da legislatura.
Após seis anos de recessão, a Croácia registrou este ano um crescimento econômico de 1,6%, embora o desemprego siga alto, 16%, e a dívida pública acima dos 90% do PIB.
O novo presidente do parlamento foi eleito com os votos de 88 dos 151 deputados do parlamento. 62 se abstiveram e um votou contra.
Reiner, de 62 anos, é um renomado médico, acadêmico e professor na Faculdade de Medicina de Zagreb, ex-diretor de vários hospitais, antigo membro do Conselho executivo da Organização Mundial da Saúde (OMS), ministro da Saúde entre 1998 e 2000, e desde 2012 vice-presidente do parlamento.
O até agora opositor bloco conservador "Coalizão patriótica", liderada pela União Democrática Croata (HDZ), obteve 59 das 151 cadeiras da câmara.
Em 22 de dezembro o partido conseguiu pactuar uma coalizão para formar governo com o centrista partido "Most", a surpresa das eleições, ao conquistar 15 cadeiras, e outros partidos menores.
"Most" insistiu que o novo primeiro-ministro não tenha afiliação política, de modo que decidiram propor para o cargo Tihomir Oreskovic, diretor financeiro para a Europa da companhia farmacêutica israelense Teva.
Em 23 de dezembro, Oreskovic, até então totalmente desconhecido para a maioria dos croatas, recebeu a incumbênciada presidente, Kolinda Grabar-Kitarovic, de formar o novo governo, para o que tem um prazo inicial de 30 dias.
O até agora primeiro-ministro e líder social-democrata, Zoran Milanovic, mostrou hoje sua preocupação com o rumo do país.
"A Croácia jamais esteve, do aspecto democrático, em um ponto mais baixo", sustentou.
"À sua frente está hoje uma coalizão em que figuram pessoas acusadas de graves delitos penais, ex-chefes de agências de espionagem e pessoas de orientação claramente pró-ustachi", os fascistas croatas aliados dos nazistas na II Guerra Mundial, acusou.
Ele falava de vários representantes conservadores e seus parceiros que estão sob investigação ou que já foram acusados judicialmente por corrupção, e especialmente sobre o líder do partido, Tomislav Karamarko, que comandoun durante anos as mais importantes agências de inteligência croatas.
Também mencionou o fato de que um parceiro menor da coalizão conservadora tem como insígnia oficial a saudação ustachi "Za dom spremni" (Preparados para a pátria).