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Conselho de transição do Haiti escolhe presidente e primeiro-ministro interinos

Edgard Leblanc Fils e Fritz Bélizaire terão o papel de restabelecer a ordem no país caribenho, devastado por uma grave crise de violência

Agência o Globo
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Publicado em 30 de abril de 2024 às 20h07.

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O novo conselho de transição do Haiti, que assumiu a chefia de Estado após a renúncia do controverso primeiro-ministro Ariel Henry, elegeu, nesta terça-feira, Edgard Leblanc Fils como presidente do órgão de governo, e Fritz Bélizaire, ex-ministro dos Esportes, para o cargo de premier, durante uma cerimônia realizada em Porto Príncipe. Leblanc e Bélizaire, que receberam quatro votos cada, terão o papel de restabelecer a ordem no país caribenho, devastado pela violência das gangues.

Haiti: gangues realizam novos ataques na capital e travam transição de governo

"Senhoras e senhores, temos hoje, terça-feira, 30 de abril, um presidente bem conhecido (...) que coordenará o conselho, segundo o acordo alcançado entre as diferentes entidades políticas", declarou um dos membros do órgão de governo, Frinel Joseph, durante a cerimônia.

Os nove membros do conselho presidencial de transição — sete com direito a voto e dois observadores — foram empossados na última quinta-feira após semanas de intensas negociações.

Poder político no Haiti

Leblanc, ex-presidente do Senado, é membro do Coletivo de Partidos Políticos de 30 de janeiro, uma aliança que se opôs ao ex-primeiro-ministro demissionário Ariel Henry.

O Haiti sofre com uma explosão de violência desde o final de fevereiro, quando gangues poderosas uniram forças para atacar delegacias de polícia, prisões, repartições públicas e o aeroporto de Porto Príncipe, em uma queda de braço com Henry.

O dirigente, líder não eleito do país desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, oficializou na semana passada a sua renúncia, anunciada em março sob pressão da comunidade internacional.

O conselho de transição representa os principais partidos políticos do país, assim como o setor privado e a sociedade civil.

Deverá liderar o país até que haja "eleições transparentes, confiáveis e não controversas" e passar o poder a um governo eleito até fevereiro de 2026, lembrou Leblanc em um discurso nesta terça. "Somos capazes de dialogar, negociar, fazer concessões e obter resultados", acrescentou, em relação ao acordo alcançado sobre ele, em um país pouco dado a consensos políticos.

'Libertar o país'

Leblanc destacou o principal desafio que o governo vai enfrentar: a insegurança provocada pelas gangues. Estes grupos armados, que controlam mais de 80% de Porto Príncipe, paralisaram o país caribenho, ao bloquear o porto da capital. E seus muitos abusos — homicídios, estupros e sequestros — levaram cerca de 360 mil haitianos a abandonar suas casas neste país de 11,6 milhões de habitantes, segundo a ONU.

"Vamos tomar decisões sobre a segurança para libertar o país da ação das gangues que tem provocado tantos danos à população", declarou Leblanc. "Pensamos especialmente nas vítimas de estupros, sequestros e assassinatos, em quem fugiu de suas casas, nos empresários que perderam seus negócios. Compartilhamos seu sofrimento".

As novas autoridades esperam o envio de uma missão internacional supervisionada pela ONU com policiais quenianos, cuja implementação não se concretizou até o momento.

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