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Conjuntura favorece maior cooperação UE-América Latina

Instituto Elcano considera a instabilidade em boa parte do Mediterrâneo e do Atlântico e as ameaças contra o livre-comércio como pontos de partida

União Europeia: segundo relatório, "a UE consegue saber claramente o que quer da América Latina", enquanto esta tampouco "sabe claramente o que quer da UE" (Jon Nazca/Reuters)

União Europeia: segundo relatório, "a UE consegue saber claramente o que quer da América Latina", enquanto esta tampouco "sabe claramente o que quer da UE" (Jon Nazca/Reuters)

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EFE

Publicado em 5 de março de 2018 às 16h16.

Madri - A conjuntura internacional não pode ser mais oportuna para que a União Europeia intensifique seu interesse na América Latina, segundo o relatório apresentado nesta segunda-feira em Madri pelo Real Instituto Elcano da Espanha.

Este prestigiado centro de estudos internacionais e estratégicos revelou na sede da Secretaria-Geral Ibero-Americana (SEGIB) as conclusões do seu último trabalho, intitulado "Por que importa a América Latina?", com enfoque nas relações entre essa região e a União Europeia.

Os analistas do Instituto Elcano consideram a instabilidade que existe em boa parte do Mediterrâneo e do Atlântico, as ameaças contra o livre-comércio e os desafios apresentados pelo "Brexit" como pontos de partida para a sua análise.

Por isso, o relatório tenta "chamar a atenção da UE", suas instituições, os governos de seus Estados membros, dos políticos, dos veículos de imprensa e, enfim, da opinião pública sobre "as potencialidades que a América Latina oferece", comentou seu coordenador, Carlos Malamud, pesquisador do Instituto.

Partindo das citadas incertezas e ameaças - entre elas a guerra comercial recentemente declarada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump -, os autores do documento acreditam que esta é uma boa ocasião para revalorizar a América Latina e fortalecer suas relações com o Velho Continente.

Tais relações, baseadas em razões históricas, importam hoje por questões comerciais: a chamada "Estratégia Global Europeia de 2016" se centrou nesse "espaço atlântico ampliado", com o qual a UE tentará expandir sua cooperação com a América Latina e o Caribe.

Há, no entanto, problemas de compreensão mútua. O relatório reconhece que se "a UE consegue saber claramente o que quer da América Latina", esta tampouco "sabe claramente o que quer da UE", disse Malamud.

No âmbito comercial, o relatório ressalta a importante implantação de empresas europeias na América Latina, e também a crescente presença de multinacionais latinas e pequenas e médias empresas latino-americanas na Europa.

Por sua vez, a secretária-general ibero-americana, Rebeca Grynspan, reconheceu que a América Latina "passa por um período de desaceleração econômica", mas se mostrou otimista em relação ao futuro.

Os especialistas do Instituto Elcano deixam claro que a UE pode e deve valorizar mais a América Latina, considerando o modo como estão agindo no cenário internacional - e sem dúvida na própria região - potências como EUA e China.

O relatório aconselha à UE que invista nas infraestruturas da América Latina, que diversifique seu sistema energético, que aposte na revolução tecnológica em geral e na digitalização da economia em especial.

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