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Conheça vítimas do 11 de Setembro identificadas quase 24 anos após os atentados

Avanços na análise de DNA permitiram a identificação de duas mulheres e um homem entre os mortos nos atentados às Torres Gêmeas, que deixaram 2.753 vítimas em Nova York

11 de setembro: As identificações só foram possíveis graças a exames avançados de DNA e à colaboração de familiares das vítimas (AFP/AFP)

11 de setembro: As identificações só foram possíveis graças a exames avançados de DNA e à colaboração de familiares das vítimas (AFP/AFP)

Agência o Globo
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Publicado em 8 de agosto de 2025 às 14h57.

Última atualização em 8 de agosto de 2025 às 15h15.

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Quase um quarto de século após os atentados terroristas ocorridos em 11 de setembro de 2001, três novas vítimas do ataque ao World Trade Center foram oficialmente identificadas em Nova York. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo prefeito Eric Adams e pelo legista-chefe da cidade, Jason Graham. As identificações só foram possíveis graças a exames avançados de DNA e à colaboração de familiares das vítimas.

Entre os reconhecidos agora estão Ryan Fitzgerald e Barbara Keating, que viajavam no voo 11 da American Airlines, e uma mulher que não teve a identidade revelada a pedido da família. Agora, o número total de pessoas identificadas a partir dos restos mortais recuperados nos escombros chega a 1.653, de um total de 2.753 mortos na tragédia.

"A dor de perder um ente querido nos ataques terroristas de 11 de setembro ecoa através das décadas, mas com essas três novas identificações, damos um passo à frente para confortar os familiares que ainda sofrem com aquele dia", afirmou o prefeito Adams, que atuava como policial na cidade na época dos atentados.

Histórias de Ryan Fitzgerald e Barbara Keating

Ryan Fitzgerald trabalhava no 94º andar de uma das torres do World Trade Center, no momento em que o prédio foi atingido por um dos aviões sequestrados. Aos 26 anos, ele havia acabado de se mudar para seu próprio apartamento em Manhattan e vivia um momento de independência recém-conquistada, segundo o obituário dele, publicado pelo Patriot-News, jornal do estado americano da Pensilvânia.

A rotina da nova vida aparecia nos extratos do cartão de crédito, que revelavam desde compras em lojas de roupas até jantares frequentes em restaurantes no centro da cidade. Em sua última fatura, aberta pela mãe após os atentados, vieram à tona fragmentos de uma vida intensa: partidas de golfe em Las Vegas, presentes para a namorada, Darci Spinner, livros do curso de MBA que fazia na Dowling College e gastos em restaurantes aos quais costumava voltar com frequência.

“Ele obviamente gostava de voltar aos mesmos lugares para que, quando entrasse, soubessem quem ele era”, contou a mãe, Diane Parks.

Alto, de olhos azuis marcantes, Fitzgerald era operador de câmbio na Fiduciary Trust. Torcedor fervoroso dos Yankees e fã de Dave Matthews, levava a vida com entusiasmo — e, às vezes, além do orçamento. Em agosto daquele ano, ao comentar com a mãe que viajaria a Las Vegas para a despedida de solteiro de um amigo, recebeu o conselho de desistir. Mas acabou indo.

“Fiquei feliz por ele ter aproveitado o verão, porque foi o último verão da vida dele”, disse Diane.

Barbara Keating voltava para casa, em Palm Springs, na Califórnia, depois de visitar os netos na Costa Leste dos EUA, quando o voo em que estava foi usado como arma no ataque. Então viúva há quase duas décadas e sobrevivente de dois episódios de câncer de mama, ela havia construído uma rotina tranquila entre Cape Cod, em Massachusetts, e Palm Springs, na Califórnia. Aos 72 anos, dividia o tempo entre as duas cidades, dirigindo um conversível vermelho pelas ruas ensolaradas do deserto e comparecendo diariamente à igreja.

Barbara passou 25 anos atuando no serviço público, sendo dez deles como diretora-executiva da organização Big Brothers Big Sisters de South Middlesex, na região de Boston. Na Califórnia, trabalhava como recepcionista na paróquia de St. Theresa, onde era conhecida pela simpatia.

“Ela era uma mulher maravilhosa, estava sempre com um sorriso no rosto”, lembrou o padre Philip Behan, pároco da igreja. “Geralmente, saía para passear com outras mulheres, mesmo no inverno, sempre com a capota do carro abaixada. Ela também gostava de celebrar. Seu drinque era sempre um Martíni com azeitonas extras.”

Mãe de cinco filhos e avó de 12 netos espalhados por Massachusetts, Califórnia e Texas, Barbara costumava organizar o ano em função das visitas à família. O verão de 2001, no entanto, foi anunciado por ela como o último que passaria na Costa Leste. Em uma conversa com a amiga Eunice Maloney, dias antes do embarque, deixou um recado marcante.

“Ela me disse que estava muito feliz com a vida que levava”, contou Eunice. “Depois, me deixou um bilhete dizendo que era muito grata pela nossa amizade. Achei que talvez ela não voltasse mais para Cape Cod. Mal sabia eu.”

Avanços nas identificações e desafios persistentes

Na manhã de 11 de setembro, Barbara embarcou no voo 11 da American Airlines, de volta à Califórnia. O avião foi sequestrado e atingiu a torre norte do World Trade Center.

“Ela era firme, inteligente, profissional e engraçada”, lembrou Paul Keating, um dos filhos. “A brincadeira era que ela sempre achava um restaurante com um bom Martíni. O dela era seco, com duas azeitonas.”

De acordo com o gabinete do médico legista-chefe da cidade, o processo de identificação das vítimas do 11 de Setembro continua sendo o maior e mais complexo da história dos Estados Unidos. Graças à tecnologia de sequenciamento genético de nova geração, os cientistas conseguiram obter perfis de DNA mesmo em amostras extremamente degradadas pelo tempo, calor e impacto.

Apesar dos avanços, ainda restam mais de mil vítimas sem identificação formal. O trabalho de análise dos fragmentos ósseos recuperados continua em andamento, como forma de honrar a memória dos mortos e dar respostas às famílias que seguem em luto.

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