Entre 10 mil e 40 mil yazidis estão escondidos nas montanhas do norte do Iraque (REUTERS/Ari Jala)
Da Redação
Publicado em 7 de agosto de 2014 às 19h21.
São Paulo - Enquanto o mundo todo presta atenção na guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza ou no posicionamento de soldados russos na fronteira da Ucrânia, um povo é silenciosamente massacrado no norte do Iraque.
Entre 10 mil e 40 mil yazidis, minoria religiosa do país, estão encurralados em montanhas no norte do Iraque fugindo do Estado Islâmico (EI). Como se as armas dos radicais islâmicos já não fossem suficientemente aterrorizantes, os yazidis lidam com outros inimigos: a sede, a fome e o forte calor.
O grupo de radicais islâmicos, que é considerado mais extremista do que a Al Qaeda, vê a maioria xiita do Iraque, e minorias como cristãos e yazidis, como infiéis.
Os yazidis fugiram da cidade de Sinjar, historicamente reduto desta minoria religiosa do iraque. No último final de semana, o EI tomou a cidade, fazendo com que dezenas de milhares de yazidis deixassem suas casas às pressas.
Um artigo da revista americana The New Yorker conta que, assim que os homens do EI tomaram a cidade, teve início o êxodo de Yazidis para o Curdistão.
Os que puderam ir de carro, conseguiram atravessar a fronteira em segurança. Mas milhares fugiram para as montanhas que fazem a fronteira entre os dois países a pé e lá ficaram encurralados - e sem mantimentos.
O Estado Islâmico vê os yazidis como adoradores do diabo e seus combatentes estão executando os homens que não aceitam se converter ao islamismo e sequestra as mulheres para serem "noivas jihadistas".
De acordo com a Unicef, 40 crianças yazidis já morreram de sede. "De acordo com informações oficiais recebidas pela Unicef, estas crianças da minoria yazidi morreram como resultado direto da violência, do deslocamento e de desidratação nos últimos dois dias", informou o órgão, que estima que 25 mil crianças estejam presas nas montanhas.
Quem são os yazidis
Os yazidis são membros de uma das menores e mais incompreendidas religiões do Iraque - e por isso já foram perseguidos outras vezes. Em 2007, eles foram alvo do maior atentado suicida na história moderna do Iraque, em que 800 pessoas foram mortas.
De acordo com reportagem da The Economist, a religão dos yazidis combina elementos do zoroastrismo com Sufi Islã e crenças que remontam à antiga Mesopotâmia.
Eles acreditam que Deus e 7 anjos protegem o mundo. Um deles, chamado Malak Tawous - que é representado na Terra na forma de um pavão - foi expulso do paraíso por ter se recusado a curvar-se para Adão.
Para os yazidis isso é considerado um sinal de bondade, mas os muçulmanos o enxergam como um anjo caído e enxergam os yazidis como adoradores do diabo.
Além disso, os yazidis acreditam na reencarnação, o que faz com que o entedimento com os islâmicos seja ainda mais difícil.
A religião tem um sistema de castas rigoroso, que determina quem pode casar com quem dentro da comunidade. Casar fora da comunidade é proibido.
Atualmente, existem cerca de 600 mil yazidis no mundo. A maioria está concentrada no Iraque, Irã, Turquia e Síria.