Céphas Bansah vive na Alemanha. Durante o dia, é dono de uma oficina mecânica. Depois do expediente, é o rei de um povo em Gana (Mirka Laura Severa/http://www.koenig-bansah.de)
Gabriela Ruic
Publicado em 8 de dezembro de 2014 às 09h16.
São Paulo – Céphas Bansah tem 66 anos e vive em Ludwigshafen, cidade próxima de Frankfurt, na Alemanha. Durante o dia, ele é dono de uma oficina mecânica. Depois do expediente, vira rei Bansah, o líder de um povo de Gbi, distrito que fica na região leste de Gana, fronteira com Togo.
Com o auxílio de ferramentas como o Skype e e-mails, além de um trono localizado em sua sala de estar, a majestade realiza a mediação entre os antepassados de seu povo e os vivos, além de ajudar a solucionar disputas tribais.
O problema de ser um rei, mas viver como um cidadão comum é que Bansah acabou se tornando um alvo fácil para ladrões. Há alguns dias, divulgou o jornal britânico The Independent, sua casa na Alemanha foi invadida e foram roubadas coroas e joias que pertenceram aos seus avós.
Reinado
De acordo com informações em site oficial, apesar de todas as facilidades da vida moderna, Bansah visita sua terra várias vezes durante o ano para ter um contato direto com os desafios enfrentados por seus súditos no dia a dia.
A decisão de reinar longe de seu território foi tomada logo quando ele assumiu a coroa, no início dos anos 90. Acreditava que, da Europa, poderia ajudar mais.
Portanto, além de vídeo conferências, o rei desenvolve projetos de infraestrutura e busca apoio do governo alemão e da comunidade acadêmica para executá-los em Gana.
Bansah desembarcou na Alemanha nos anos 70, como estudante. Lá, conheceu sua esposa e decidiu se estabelecer. Com a morte de seu avô, em 1987, se tornou o único da família que poderia ocupar o posto de rei. Seu pai e irmão mais velho foram desconsiderados por serem canhotos, característica que é vista como negativa pelo povo da região.
Ewe
Togbe Ngoryifia Céphas Kosi Bansah é parte dos Ewe, um grupo étnico que vive em Gana, Benim e no Togo. Segundo ele, a estrutura deste povo é baseada na ajuda mútua entre os membros da comunidade. Terra e água, por exemplo, são gerenciadas e conservadas por todos.
As famílias são grandes, moram juntas e são sustentadas com a colaboração de pais, filhos, tios, avós e quem mais com eles viverem. As casas são feitas em barro e madeira. A poligamia existe e, por este motivo, as mulheres são incentivadas a trabalharem para serem independentes dos maridos.