Jan Topic: candidato começa a ganhar força na disputa no Equador. (MARTIN BERNETTI/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 16 de agosto de 2023 às 07h49.
Um jovem economista milionário com formação militar começa a ganhar destaque na corrida presidencial no Equador, ainda mais tensa após o assassinato do jornalista e candidato Fernando Villavicencio, executado após deixar um comício em Quito. Com a promessa de reprimir o crime organizado e a “delinquência” que assolam o país, Jan Topic começa a ganhar força na disputa, mas também por seu modo de falar e por seu estilo, até já sendo apelidado de “Rambo equatoriano”.
Aos 40 anos, ele surpreendeu nos últimos meses, depois de se apresentar como especialista em segurança, “franco-atirador” e paraquedista, cujos méritos, segundo ele próprio, são ter sido soldado do Exército francês e ter participado em operações militares na Síria, na Ucrânia e na Costa do Marfim.
Ainda sem resolução para o assassinato de Villavicencio, pelo qual seis colombianos estão detidos, o evento gerou um terremoto político no Equador, dando voz aos candidatos que prometem acabar com a violência pela força do Estado, especialmente Topic, segundo analistas.
A lei local, no entanto, proíbe a publicação de pesquisas antes das eleições. Antes de sua morte, Villavicencio ocupava o segundo lugar em intenções de voto, segundo a empresa Cedatos, em uma das muitas pesquisas de opinião do país.
"O problema da insegurança e do crime organizado que o Equador está enfrentando já era a principal preocupação da maioria da população equatoriana, segundo pesquisas", disse Paolo Moncagatta, reitor de Ciências Sociais da Universidade San Francisco de Quito.
Nesse sentido, “obviamente quando o candidato que teve um discurso mais direto contra (o crime) for assassinado, isso vai fortalecer os candidatos que têm um discurso mais armado”, afirma Moncagatta.
O ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner (2018-2020) foi um desses que se aproveitou do episódio, mas especialmente Topic, um empresário de sucesso que quer chegar ao poder para acabar com criminosos e gangues.
Candidato da chamada Aliança por um País sem Medo, "Rambo" propõe a construção de mais presídios ao estilo do governante salvadorenho Nayib Bukele. Após um debate televisionado no domingo, o único oficial da campanha, especialistas e a mídia local classificaram Topic como um dos vencedores.
“Ele foi o grande beneficiado”, diz o cientista político Santiago Basabe, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO), de Quito.
Segundo a pesquisadora Saudia Levoyer, falar de segurança no país é mexer com as fibras dos equatorianos. “As pessoas estão cansadas de tanta violência (...) é a questão dos sequestros, assassinatos, que são crimes que não eram comuns no Equador.”
Sua incursão eleitoral ocorreu em meio a uma escalada de violência no país, principalmente na cidade onde nasceu, Guayaquil. Os cidadãos vivem com medo do aumento de assassinatos, ataques armados, assaltos, roubos, extorsões e sequestros, ante as respostas até então ineficazes das instituições estatais e governamentais.