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Conheça a epidemia que fez pessoas dançarem até a morte

Em 1518, uma inexplicável epidemia fez centenas de pessoas dançarem sem parar nas ruas da França, um fenômeno que até hoje intriga estudiosos e desperta teorias diversas

Epidemia fazia pessoas dançarem sem parar por dias seguidos em uma espécie de alucinação (Hendrik Hondius I, Public domain, via Wikimedia Commons)

Epidemia fazia pessoas dançarem sem parar por dias seguidos em uma espécie de alucinação (Hendrik Hondius I, Public domain, via Wikimedia Commons)

Publicado em 5 de fevereiro de 2025 às 15h40.

A história da chamada epidemia da dança, que tomou conta da cidade de Estrasburgo, na França, em 1518, é uma das mais bizarras e misteriosas da medicina e cultura popular.

No meio de um verão quente, um grupo de moradores começou a dançar de forma incontrolável nas ruas, sem parar, sem motivo aparente e sem música. O que parecia ser um comportamento excêntrico logo se transformou em uma crise coletiva que afetou centenas de pessoas, com muitas dançando até a exaustão ou até a morte.

O caso gerou pânico, especulação e uma série de explicações, algumas bastante bizarras, que misturavam ciência, religião e superstição. Além disso, surgiram teorias variadas sobre suas causas e possíveis curas. Conheça melhor o que foi essa epidemia, suas possíveis causas e porque esse episódio ainda fascina tanta gente até hoje.

O que foi a epidemia da dança do século 16?

A epidemia da dança aconteceu entre julho e setembro de 1518, quando um número crescente de pessoas em Estrasburgo, na atual França, começou a dançar incontrolavelmente pelas ruas.

A primeira a ser afetada foi uma mulher chamada Frau Troffea, que começou a dançar sem parar, por mais de uma semana, sem ouvir uma música sequer.

Em pouco tempo, outras pessoas começaram a seguir seu exemplo, e logo a cidade estava tomada por um número crescente de indivíduos que dançavam no silêncio. Alguns relatos indicam que até 400 pessoas foram afetadas.

O que começou como um caso isolado logo se espalhou, com vítimas dançando de forma frenética, muitas vezes até desmaiando ou morrendo de exaustão, causando ferimentos e sangramentos em seus pés e demais membros e até mesmo ataques cardíacos.

A cidade ficou tão alarmada que as autoridades, incapazes de controlar o evento, começaram a organizar grandes procissões religiosas e até mesmo trouxeram músicos para incentivar os dançarinos a "continuar" dançando, acreditando que a música seria uma cura.

Quanto tempo durou a epidemia da dança?

Não se sabe ao certo nem a causa e nem a duração de tal epidemia, mas estima-se que ela tenha durado, aproximadamente, dois meses, entre julho e setembro de 1518.

Durante esse período, as pessoas afetadas continuaram dançando sem controle, muitas vezes sem poder parar por dias a fio. Alguns relatos históricos sugerem que as autoridades, diante da gravidade da situação, tentaram várias abordagens para aliviar a crise, como a contratação de músicos e a realização de procissões religiosas.

No entanto, essas tentativas falharam em curar a condição, que só desapareceu com o tempo, sem explicações claras para o que teria causado o fenômeno.

Os mitos sobre a epidemia da dança

A causa do surto da dança gerou uma série de mitos e explicações fantásticas na época. Algumas das mais populares envolvem crenças religiosas e superstições, que buscavam dar um significado sobrenatural ao evento.

Muitas pessoas acreditavam que a epidemia era uma forma de castigo divino, uma punição enviada por Deus devido aos pecados da população.

Outros especulavam que o fenômeno era causado por possessão demoníaca, com as pessoas possuídas dançando sob o controle de forças malignas.

Os médicos da época não conseguiam explicar o fenômeno e muitas vezes atribuíram o evento a desequilíbrios nos "humores" do corpo, uma teoria médica popular na Idade Média.

Como não havia explicações científicas, as pessoas tentaram diversas formas de cura, incluindo missas, procissões religiosas e até intervenções de líderes espirituais, que acreditavam que a única solução seria pedir perdão a Deus ou afastar os demônios responsáveis pelo fenômeno.

A epidemia da dança atingiu outros países?

Embora a chamada "epidemia de dança de Estrasburgo" tenha ocorrido na França, outros casos semelhantes foram registrados em diferentes partes da Europa durante os séculos seguintes. No entanto, nenhum evento atingiu uma magnitude tão grande quanto o ocorrido em no país, onde centenas de pessoas foram afetadas.

Relatos de episódios semelhantes surgiram em várias localidades europeias, incluindo a Alemanha e os Países Baixos, onde grupos de pessoas também experimentaram crises de dança incontroláveis.

Esses casos, entretanto, eram geralmente de menor escala e ocorreram com menos frequência, sendo muitas vezes considerados manifestações isoladas de uma crise social ou religiosa.

A epidemia da dança foi, portanto, um fenômeno específico de um período de tempo, ligado a uma combinação de fatores como tensões sociais, religiosas e talvez condições de saúde como envenenamento por ergot (um fungo encontrado no centeio, que pode causar alucinações e convulsões).

A sua ocorrência em diferentes países, embora de forma mais esporádica, sugere que a epidemia não foi um evento único, mas sim uma manifestação de um fenômeno social complexo que afetou várias partes da Europa na Idade Média.

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