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Congresso do Peru debate se aceita a renúncia de Kuczynski

O presidente jogou a toalha na quarta-feira, abalado pelas acusações sobre seus vínculos com a empreiteira brasileira Odebrecht

Kuczynski: ele é o primeiro presidente a perder o cargo pelo escândalo Odebrecht (Mariana Bazo/Reuters)

Kuczynski: ele é o primeiro presidente a perder o cargo pelo escândalo Odebrecht (Mariana Bazo/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de março de 2018 às 07h27.

O Congresso do Peru debaterá nesta quinta-feira se aceita a renúncia à presidência de Pedro Pablo Kuczynski, em um cenário de incerteza a apenas três semanas da Cúpula das Américas em Lima.

O empresário e ex-executivo de Wall Street de 79 anos, que assumiu a presidência há 20 meses afirmando que lideraria "um governo de luxo", jogou a toalha na quarta-feira, abalado pelas acusações sobre seus vínculos com a empreiteira brasileira Odebrecht e após a divulgação de um vídeo comprometedor.

Os peruanos receberam a notícia com calma, mas a renúncia provocou incerteza no país que será anfitrião, nos dias 13 e 14 de abril, de uma reunião de cúpula continental, com a presença do presidente americano Donald Trump.

A Cúpula das Américas deve contar com a presença de outros 30 governantes, incluindo o venezuelano Nicolás Maduro, que foi retirado da lista de convidados por Kuczynski.

Kuczynski é o primeiro presidente a perder o cargo pelo escândalo Odebrecht.

"Frente a essa difícil situação que se gerou (...) acho que o melhor para o país é que eu renuncie à presidência da República", disse Kuczynski, acompanhado dos membros de seu gabinete, na quarta-feira.

"Eu não quero ser um obstáculo para que nossa Nação encontre o caminho da união e da harmonia que tanto precisa e me negaram".

Há três meses, Kuczynski sobreviveu a uma tentativa de destituição graças ao surpreendente apoio de uma dezena de legisladores de oposição, liderados por Kenji Fujimori, filho mais novo do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000).

Os líderes do Congresso peruano decidiram debater a renúncia do presidente nesta quinta-feira, mas a votação deve acontecer na sexta-feira, informou o chefe do Legislativo, o opositor Luis Galarreta.

A construtora brasileira confessou que pagou a políticos e empresários latino-americanos milhões de dólares em subornos para garantir contratos de obras públicas.

A pressão contra Kuczynski cresceu nas últimas horas, após a divulgação de um vídeo envolvendo um primeiro pedido de impeachment.

Na imagem aparece Kenji Fujimori tentando convencer outros parlamentares para que apoiem Kuczynski em troca de obras públicas em seus distritos.

O apoio de Kenji custou o indulto a seu pai Alberto Fujimori, que cumpria 25 anos de prisão por corrupção crimes contra a humanidade, e desatou uma guerra pelo controle do partido Força Popular, liderado por sua irmã Keiko.

Kenji e outros nove deputados que o apoiaram foram expulsos do partido maioritário no Congresso.

As mentiras do presidente sobre seus supostos vínculos com a Odebrecht quando era ministro da Economia no governo de Alejandro Toledo - sobre o qual pesa também uma ordem de extradição por ter recebido 20 milhões de dólares da construtora - determinaram sua derrota política.

A Odebrecht revelou ter pago cerca de cinco milhões de dólares por assessorias a empresas ligadas a Kuczynski quando ele era ministro, o que o presidente sempre negou.

A construtora admitiu ter feito contribuições de campanha em 2006 e 2011 aos últimos quatro ocupantes da presidência peruana, incluindo Kuczynski, e a Keiko Fujimori.

Para analistas, Kuczynski não tinha nenhuma chance de se livrar do impeachment que seria votado nesta quinta-feira.

Kuczynski deve ser substituído pelo primeiro vice-presidente, o engenheiro Martín Vizcarra, que completará o atual período de governo, até julho de 2021.

Entretanto, se nenhum dos dois vice-presidentes aceitar o cargo, o presidente do Congresso, o fujimorista Luis Galarreta, assumirá a presidência.

Com Galarreta na presidência, teriam que ser convocadas novas eleições, cenário que nenhum partido deseja neste momento de desprestígio dos políticos pelos escândalos da Odebrecht.

 

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