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Congressistas dos EUA pedem a Kerry que não apoie Temer

Grupo de congressistas pediu ao secretário de Estado do país, John Kerry, que não apoie o governo de Michel Temer


	Michel Temer: grupo de 40 congressistas se dirigiu a Kerry para expressar sua "mais profunda preocupação" pelo julgamento político ao qual a presidente Dilma Rousseff é submetida
 (Reuters/Adriano Machado)

Michel Temer: grupo de 40 congressistas se dirigiu a Kerry para expressar sua "mais profunda preocupação" pelo julgamento político ao qual a presidente Dilma Rousseff é submetida (Reuters/Adriano Machado)

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Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2016 às 22h11.

Washington - Um grupo de congressistas democratas dos Estados Unidos pediu nesta segunda-feira ao secretário de Estado do país, John Kerry, que não apoie o governo do presidente interino Michel Temer.

O grupo de 40 congressistas do Partido Democrata se dirigiu a Kerry para expressar sua "mais profunda preocupação" pelo julgamento político ao qual a presidente afastada Dilma Rousseff é submetida e que "ameaça as instituições democráticas", segundo sua carta aberta, publicada hoje.

"Lhe urgimos a ter o máximo cuidado em suas relações com as autoridades interinas do Brasil e a abster-se de efetuar declarações ou ações que possam ser interpretadas como um apoio à campanha pelo julgamento político contra a presidente Dilma Rousseff", pediram os congressistas ao secretário de Estado.

Os legisladores assinalaram que o processo de cassação conta com muitos críticos que questionam suas bases legais e que consideram o processo uma disputa política.

As razões por trás do lançamento da campanha de desprestígio contra Dilma poderiam ser, por outro lado, evitar uma investigação contra a corrupção por parte da presidente e, ao mesmo tempo, impor uma agenda mais conservadora que foi rejeitada pelos eleitores nas últimas eleições, segundo os congressistas.

As implicações que uma cassação ilegal teria para o povo brasileiro são piores em particular para as mulheres e os negros, segundo os congressistas.

No Brasil houve uma "apropriação do poder por parte de políticos que não foram capazes de ganhar nas urnas" e o governo dos EUA deveria "pronunciar-se contra a farsa antidemocrática" no país, denunciou o congressista de Michigan, John Conyers, um dos signatários da carta, em comunicado.

Este pronunciamento acontece a poucos dias da abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, que serão realizados entre os dias 5 e 21 de agosto.

"Este é um momento-chave no qual os gestos diplomáticos e as declarações pronunciadas nos Estados Unidos terão verdadeiras consequências para o Brasil, seu futuro como democracia, e para todo o mundo", avaliou a congressista de Ohio, Marcy Kaptur.

"Com o Brasil sob o foco noticioso como anfitrião dos Jogos Olímpicos, devemos ser extraordinariamente conscientes e cuidadosos de apoiar os valores e princípios democráticos", acrescentou Kaptur.

Esta é a primeira vez em mais de duas décadas que congressistas dos Estados Unidos se pronunciam em um tom preocupante sobre a política e a qualidade democrática brasileira.

Um porta-voz do Departamento de Estado confirmou o recebimento da carta e disse que "será respondida segundo corresponde".

"Estamos convencidos de que o Brasil resolverá seus desafios políticos de forma democrática e através de seu marco constitucional", afirmou o porta-voz, ao acrescentar que o Departamento de Estado "continua acompanhando os eventos políticos" no país.

Texto atualizado às 22h10

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