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Confrontos põem em xeque diálogo com governo em Hong Kong

Vários confrontos entre participantes e opositores da ocupação estudantil marcaram o sexto dia de protestos em Hong Kong


	Confrontos em Hong Kong: enfrentamentos puseram em xeque diálogo entre governo e manifestantes
 (Bobby Yip/Reuters)

Confrontos em Hong Kong: enfrentamentos puseram em xeque diálogo entre governo e manifestantes (Bobby Yip/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2014 às 13h59.

Hong Kong - Vários confrontos entre participantes e opositores da ocupação estudantil marcaram o sexto dia de protestos em Hong Kong, que exigem maior abertura democrática e puseram em xeque o acordo de diálogo entre o governo e os estudantes para resolver o futuro político da ilha.

Mong Kok, um dos bairros com maior densidade populacional do país e com grande atividade comercial, viveu os momentos mais tensos do dia depois que cerca de mil de pessoas encurralaram apenas uma centena de estudantes para exigir que eles liberem as ruas e devolvam a normalidade para o local.

A polícia vem tentando conter desde as 15h locais (4h de Brasília) os cidadãos que pretendiam investir contra o local onde os estudantes estão acampados desde o último sábado.

Os jovens pró-democracia chegaram a ficar restritos a um local de apenas 20 metros quadrados, até que mais manifestantes chegaram de outros pontos da cidade em sua ajuda e retomaram uma área maior.

Alheio a um ou outro grupo, um professor de 42 anos, dono de uma escola de línguas em Mong Kok, Victor Mai, disse à Agência Efe que apoia as reivindicações dos estudantes, mas que não concorda com a forma como as manifestações estão ocorrendo.

"Estou com eles (os estudantes), mas estão nos tratando como reféns para pressionar o governo de Hong Kong. Teriam que protestar em um parque, e não prejudicando seus próprios concidadãos", disse o professor, presente nos distúrbios, mas sem estar envolvido neles.

Natalie Ting, uma administradora de Hong Kong que compareceu nas manifestações em apoio dos estudantes quando viu nas redes sociais as imagens do que estava acontecendo a poucos metros de sua casa, explicou à Efe que "a polícia nos pediu para tirarmos os laços amarelos - símbolo do protesto - para evitar confrontos com os cidadãos, já que a situação está ficando violenta e (os policiais) parecem incapazes de controlá-los".

"Quase não há policiais suficientes para tanta gente descontrolada e não estão nos ajudando enquanto os outros nos insultam, agridem e atiram objetos contra nós", garantiu para a Efe Lie Hu, de 24 anos.

Segundo Hu, muitos dos cidadãos contrários às manifestações chegaram ao local em ônibus fretados vindos da fronteira com a cidade chinesa de Shenzhen, pois "o governo de Pequim, os pagou para estarem aqui".

"Chegaram do nada, foram pagos pelo governo, não são daqui, não falam bem o cantonês (dialeto do chinês falado em Hong Kong)", explicou para a Efe uma jovem de 26 anos chamada Cynthia, integrante do movimento pró-democracia.

Além de Mong Kok, também aconteceram distúrbios em outras zonas da cidade, como em Causeway Bay, um distrito comercial muito popular entre os turistas chineses do continente, mas a tensão foi controlada rapidamente.

As organizações que lideram o movimento chamado de "revolução dos guarda-chuvas" - Occupy Central, a Federação de Estudantes de Hong Kong e o grupo de secundaristas Scholarism - emitiram um comunicado conjunto alertando o governo de Hong Kong que cancelariam a proposta de diálogo estipulada esta manhã entre as partes, se o mesmo não intervisse para conter o assédio sobre os manifestantes o mais rápido possível, o que acabou acontecendo.

O sexto dia de protestos começou com menos gente do que os anteriores, horas depois que o chefe do Executivo de Hong Kong, Leung Chun-ying, propôs o diálogo para buscar uma solução.

Leung rompeu a tensão no ambiente ontem à noite anunciando o diálogo com os estudantes minutos antes do fim do prazo estipulado pelos mesmos para que renunciasse.

As principais organizações do protesto aceitaram o diálogo, mas com a condição de que o mesmo fosse aberto ao público, apesar de insistirem com a renúncia do chefe de governo local.

No entanto, decidiram suspendê-lo nesta sexta-feira devido aos episódios de violência de hoje e acusaram as autoridades de ser conivente devido à passividade dos policiais.

Na opinião de Martin Lee, um dos fundadores do Partido Democrático de Hong Kong e uma figura proeminente no desenvolvimento democrático da ilha, o chefe do Executivo não tem outra escolha que não seja a renúncia.

"O trabalho do governo é o de resolver este problema e está em suas mãos agora o que pode acontecer", disse à Efe. Além disso, questionou: "Se os manifestantes deram uma lição ao mundo agindo com respeito e de forma pacífica, como poderiam causar algum prejuízo para a democracia?".

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