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Confrontos na França lançam temores de onda de violência

Jovens de região carente do país entraram em confronto com policiais durante a noite de segunda-feira


	Escola primária é danificada em confrontos na cidade francesa de Amiens, classificada como uma das 15 "zonas prioritárias de segurança" em todo o país
 (Philippe Huguen/AFP)

Escola primária é danificada em confrontos na cidade francesa de Amiens, classificada como uma das 15 "zonas prioritárias de segurança" em todo o país (Philippe Huguen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 14 de agosto de 2012 às 13h10.

Amiens - Violentos confrontos devastaram uma área desfavorecida da cidade francesa de Amiens, levantando temores de uma onda de descontentamento num momento em que as perspectivas econômicas para as classes mais carentes da França pioram.

Descrito pelo prefeito como o resultado de crescentes tensões sociais em uma área onde o Estado de Direito foi quebrado, o tumulto em Amiens ofuscou a celebração do presidente francês François Hollande dos 100 dias de sua vitória nas eleições.

A violência durante a noite na cidade histórica deixou 16 policiais feridos, uma escola primária severamente danificada pelo fogo e um centro esportivo completamente destruído, informaram autoridades locais.

Confrontos envolvendo cerca de 100 jovens locais e até 150 policiais tiveram início na noite de segunda-feira no bairro degradado do norte de uma outrora cidade próspera conhecida por sua universidade e por sua catedral gótica do século XIII.

A polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha, além de um helicóptero, para reprimir o tumulto, depois de ser atingida por tiros, fogos de artifício e por outros objetos lançados pelos desordeiros.

O tumulto ocorreu depois de episódios de violência em menor escala ocorridos 24 horas antes que foram provocados pela prisão de um homem por dirigir de forma perigosa.

A prisão foi vista como insensível, já que ocorreu enquanto muitos moradores do bairro participavam do funeral de um jovem de 20 anos que faleceu em um acidente de moto.

Gilles Demailly, o prefeito de Amiens, disse à AFP que a resposta violenta ao incidente refletiu um avanço na ilegalidade orquestrado por desordeiros cada vez mais jovens.

"Ocorreram incidentes regulares aqui, mas há anos não víamos uma noite tão violenta quanto esta, com tantos danos", disse o prefeito.


Demailly, membro do Partido Socialista, ao qual Hollande pertence, acrescentou: "Há meses eu venho pedindo meios (para aliviar os problemas do bairro) porque a tensão está crescendo aqui", disse.

"Você tem gangues de jovens brincando de serem gangsters que transformaram a área em uma zona proibida. Você não pode mais pedir uma pizza ou chamar um médico para ir a sua casa", explicou.

O governo de Holande identificou o quadrante norte de Amiens como uma das 15 "zonas prioritárias de segurança" em todo o país que serão estabelecidas a partir de setembro.

A ênfase será em um policiamento mais duro, em vez de sistemas para aliviar o impacto do desemprego recorde e a queda dos rendimentos reais para os setores mais pobres da sociedade.

Dados divulgados nesta terça-feira mostraram que a economia francesa teve um crescimento nulo no segundo trimestre do ano e a maioria dos economistas espera uma deterioração ainda maior, num momento em que o governo de Hollande corta gastos na maioria das áreas a fim de reduzir seu déficit orçamentário para cumprir com as exigências da Eurozona.

Os sindicatos que lutam contra os cortes de empregos em toda a indústria francesa já alertaram para um "outono quente" de protestos, a não ser que o governo flexibilize as medidas de austeridade.

Mas Hollande deixou claro nesta terça-feira que considerava os tumultos em Amiens essencialmente um problema de criminalidade e prometeu uma resposta dura.

"O Estado vai mobilizar todos os seus meios para combater estes atos violentos", disse Hollande. "Segurança não é apenas uma prioridade para nós, é uma obrigação", completou.

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