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Confrontos em protestos da Venezuela já deixam cinco mortos

Os falecidos são produto da "violência de um governo que nega a Constituição", disse o presidente do Parlamento, Julio Borges

Homem caminha em frente a parede pichada com mensagem contra o governo: "Maduro assassino de estudantes", Caracas, Venezuela, dia 13/04/2017 (Christian Veron/Reuters)

Homem caminha em frente a parede pichada com mensagem contra o governo: "Maduro assassino de estudantes", Caracas, Venezuela, dia 13/04/2017 (Christian Veron/Reuters)

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AFP

Publicado em 13 de abril de 2017 às 20h50.

Um homem de 32 anos morreu na madrugada desta quinta-feira depois de ter sido baleado durante uma manifestação contra o presidente Nicolás Maduro na terça-feira, tornando-se a quinta vítima destes protestos que começaram há quase duas semanas.

"Efetivamente, morreu nesta madrugada (no estado de) Lara", afirmou à AFP um funcionário da promotoria que pediu o anonimato.

Antonio Gruseny Calderón foi baleado em um protesto no dia 11 de abril em Cabudare, cidade vizinha a Barquisimeto, capital de Lara, e hospitalizado em estado grave.

Nesses mesmos protestos morreram baleados um homem de 36 anos e um adolescente de 13. A promotoria abriu uma investigação.

O caso de Calderón "já estava sendo investigado pelas lesões, agora se agrava pela morte", disse o funcionário do Ministério Público.

O deputado opositor Alfonso Marquina, que representa Lara no Parlamento, escreveu em sua conta no Twitter: "Faleceu no HCUAMP (Hospital Universitário de Barquisimeto) após 30 horas lutando por sua vida, Gruseny Antonio Calderón (Tony), mais uma vítima da ditadura".

O deputado havia atribuído na quarta-feira os incidentes a disparos de "coletivos", grupos civis que, segundo a oposição, estão armados e servem como tropas de choque do governismo.

Além destas três vítimas, nos dias 6 e 11 de abril dois jovens de 19 anos morreram baleados por policiais nos arredores de Caracas e em Valencia (norte).

Os falecidos são produto da "violência de um governo que nega a Constituição", disse o presidente do Parlamento, Julio Borges, em uma manifestação nesta quinta-feira.

A oposição lançou no dia 1º de abril uma série de mobilizações, principalmente na capital, que levaram a batalhas de manifestantes contra militares e policiais, trocando gás lacrimogêneo e balas de borracha por pedras e garrafas. Dezenas de feridos e mais de cem prisões se somam ao balanço trágico.

Os protestos eclodiram após sentenças com as quais o Supremo Tribunal de Justiça assumiu as funções do Parlamento, de ampla maioria opositora, e retirou a imunidade dos deputados.

Em meio a uma forte rejeição internacional, as decisões foram parcialmente anuladas.

"Aos milhares de Servidores Públicos Civis, Militares, Policiais, etc... Nosso reconhecimento, continuemos protegendo o Povo Nobre da Venezuela", tuitou Maduro.

"A rua manda"

A oposição convocou para esta quinta-feira pequenas manifestações em cada um dos 300 municípios, enquanto prepara o que, segundo ela, será "a mãe de todas as marchas" contra Maduro na próxima quarta-feira, 19 de abril - que lembra o primeiro grito independentista venezuelano - data em que o chavismo também sairá às ruas.

Foram realizadas duas manifestações em Caracas, uma delas no bairro popular La Bandera. Outra no leste chegou à principal rua da capital e se preparava para rumar ao centro, reduto do chavismo e onde se concentram os poderes públicos, constataram jornalistas da AFP.

"Na Semana Santa a rua é quem manda", gritavam os manifestantes.

Uma das manifestações em Caracas foi dispersada com bombas de gás lacrimogêneo depois que seu percurso foi desviado para o centro da cidade.

Cerca de 1.000 pessoas decidiram continuar protestando além da rota anunciada pela direção opositora e se encaminharam pela importante via na altura do bairro de Altamira, bloqueando a passagem.

Foram interceptados pouco depois em El Rosal por efetivos da polícia e pela militarizada Guarda Nacional, que usaram gases e balas de borracha, constataram jornalistas da AFP no local.

Posteriormente, os confrontos se concentraram entre as autoridades e manifestantes encapuzados, que se autodenominam membros da "Resistência".

Em contrapartida, outra mobilização na capital, com cerca de 1.500 pessoas, fez seu percurso sem inconvenientes no município Libertador.

"Saímos de Libertador e marchamos por todo Libertador (...) Por que não houve violência? Porque os violentos são eles (...) Nós somos os garantidores da paz deste país", disse o vice-presidente do Parlamento, o opositor Freddy Guevara.

"Cada vez que acontece algo assim, é porque lhes dão a ordem de reprimir e nossos jovens se veem na obrigação de se defender (...) A luta não violenta é sem armas, mas tampouco é estúpida (...), tampouco vamos deixar nos matar", acrescentou.

Em Carora (Lara), um grupo de pessoas deitadas na rua formou com seus corpos a frase "Fora Maduro", enquanto em Vargas, vizinho a Caracas, a polícia dispersou a mobilização com gás, de acordo com o deputado José Manuel Olivares.

"Dispararam bombas contra nós à queima-roupa em #Vargas, se acreditam que com isso vão nos amedrontar estão errados, seguiremos na RUA!!!", escreveu no Twitter.

Maduro lembrou com várias mensagens no Twitter o retorno ao poder, no dia 13 de abril de 2002, do falecido Hugo Chávez (1999-2013) após um golpe de Estado que o tirou brevemente da presidência. "13 de abril 2002, dia de União Cívico Militar, de Ressurreição Popular... Somos o Povo de Chávez Sempre Vitorioso", escreveu.

O presidente, que declarou toda a Semana Santa como feriado para o setor público, afirma que os protestos buscam gerar violência para aplicar um "golpe de Estado" contra ele.

Almagro pede fim de "ações homicidas"

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, exigiu nesta quinta-feira em Miami o fim das "ações homicidas dos paramilitares" na Venezuela.

"É preciso acabar com as ações homicidas dos paramilitares conhecidos pelo nome de coletivos", acrescentou, referindo-se às organizações comunitárias que segundo a oposição venezuelana foram armadas pelo governo chavista.

O chefe da Organização de Estados Americanos (OEA) tem criticado duramente o governo de Maduro e é o principal promotor da pressão exercida pela comunidade internacional para que Caracas convoque eleições, libere os políticos presos e respeite as liberdades civis.

Já o governo dos Estados Unidos pediu respeito ao direito à manifestação, que as mortes sejam investigadas e que se garantam eleições que respeitem a Constituição".

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